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O MISTÉRIO DA
ATLÂNTIDA REVELADO
Publicado em Paris em 1956 - traduzido do original em alemão ‘Das entratselte Atlantis’ . PREFÁCIO Em provavelmente em nenhum outro campo da história e geografia antiga a pesquisa é tão árida, mas na realidade tão recompensadora, como aquela que lida com o problema da Atlântida. Os mais de vinte mil volumes, e incontáveis artigos, que já tem sido escritos sobre o assunto parecem te-lo coberto completa e exaustivamente.

Eminentes eruditos tem repetidamente afirmado terem encontrado uma resposta conclusiva para o enigma e tem dito que nada mais de útil pode ser acrescentado à vasta literatura sobre o assunto; os contribuidores para isto tem frequentemente sido tratados como excêntricos e seus trabalhos descartados como meramente um outro fato a ser cronificado na história da tolice humana. É com certeza verdade que a Atlântida tem atraído a atenção de escritores de ficção e outros sem qualquer declaração de abordagem científica, e investigadores sérios tem sido expostos ao perigo de serem identificados com eles.

Não é surpreendente, portanto, que eruditos idôneos tenham hesitado em abordar o problema e tenham deixado o campo amplamente aberto para os excêntricos e Atlantemaníacos. Isto é portanto mais lamentável já que a Atlântida oferece um dos campos mais frutíferos de estudo da história antiga; ela levanta o véu da obscuridade de uma das épocas mais intriganes e cheias de eventos na história do mundo ocidental. A história da Atlântida pode ser comparada a aquela de uma câmara oculta de tesouro na tumba de Tutancamon no Vale dos Reis.

Por centenas de anos antiquários e arqueologistas escavaram e exploraram o vale até que parecia impossível que algo novo ou desconhecido restasse a ser descoberto. Quando o Conde de Carnarvon começou suas escavações os especialistas o ridicularizaram porque a tentativa parecia fútil; nenhum empreendimento pareceu ser mais sem esperança. Ainda que nas ruínas e destroços que tem sido examinados tão frequentemente, Carnarvon encontrou a entrada para a tumba de Tutancamon, descobriu riquezas fantásticas da câmara do tesouro, e tornou possível ganhar um maravilhoso insight sobre os costumes dos governantes do Egito de mais de três mil anos atrás. E assim é com a Atlântida. O tesouro dentro da história tem estado enterrado sobre os destroços das más concepções, tolices e fantasias, o peso morto do preconceito e do ceticismo, e as ruínas da datação errada e identificações falhas que tem se acumulado ao redor da história em 2500 anos desde que Solon a primeiro ouviu no Egito.

O ridículo dos especialistas cai sobre qualquer um que tenta escavar sob os destroços de séculos. Mas quando é encontrado o caminho certo para o entendimento apropriado da história, isto leva a uma casa de tesouro que nos habilita a um amplo conhecimento e a um profundo entendimento da vida, pensamento, lutas e sofrimentos de nossos ancestrais mais de 3000 anos atrás; fica aberto para nós uma das maiores e mais momentosas épocas na história do mundo. A chave para o entendimento apropriado da história da Atlântida reside no arranjo correto dos eventos que são descritos em uma sequência cronológica e segundo sua autenticidade histórica.

Esta abordagem é seguida na Seção Um. Na Seção Dois é feita uma tentativa de revelar o tesouro oculto da história; a posição geográfica das Ilhas Reais, bem como a extensão e a organização do reino Atlante, é estabelecido, e a autenticidade da informação contida na história relativa a vida e aos costumes, cultura e crenças, e riqueza e poder dos Atlantes é testado contra nosso conhecimento atual daquela idade. Na Seção Três será encontrado uma narrativa do que Homero, o maior poeta de todos os tempos, tem escrito sobre os Atlantes e da história deste confiavelmente preservador da história antiga que tem chegado até nós. Finalmente há um relato da redescoberta da Atlântida no verão de 1952 e uma transplantação da narrativa de Platão da Atlântida nos Diálogos de Timreus e de Critias.

Por tudo isto nos tornamos relacionados com pessoas que alcançaram grandeza, sofreram desesperadamente, e ainda planejaram até mesmo coisas maiores. É esperado que esta contribuição encoraje os eruditos em seus ramos relevantes de ciências a se devotarem a renovar o estudo tristemente negligenciado da história da Atlântida. A investigação deles traria muitas riquezas e iria tão longe para resolver os problemas ainda não solucionados da história antiga.

SEÇÃO UM A BASE HISTÓRICA DE LENDA DA ATLÂNTIDA

Platão, o grande filósofo e pensador grego (429-347 AC), tem registrado para nós a história da Atlântida em dois lugares diferentes de seus escritos: nos Diálogos de Timeus e de Crítias. Da origem e substância da história, Platão nos fala deste Solon, legislador e um dos Sete Sábios da Grécia (640-559 AC), que fez uma viagem ao Egito para buscar conhecimento dos tempos antigos.

Ele visitou a cidade de Sais, cujos sacerdotes tinham uma reputação inigualável de íntimo conhecimento da história antiga. Lá ele foi recebido com grande gentileza e honras. Os sacerdotes estavam apenas felizes demais em transmitir a ele a informação que eles extrairam de sua vasta coleção de papiros e textos antigos. Solon ficou particularmente impressionado por uma história de coragem épica que teria se passado em sua própria cidade de Atenas; uma história, disseram a ele, que “embora pouco conhecida não era menos verdadeira” Um velho sacerdote de Sais, baseando sua narrativa em velhos textos egípcios, contou como um grande exército de pessoas da Atlântida desceu sobre a Europa e Ásia Menor e uniu em um vasto poder todos os territórios sob seu domínio. Estes territórios compreendiam “muitas ilhas e parte do continente pelo Grande Oceano ao Norte” e “as terras mediterrâneas da Líbia ao Egito e da Europa a Tyrrhenia .” Este poder combinado do Rei dos povos Atlantes visava o domínio do todos os territórios gregos e egípcios, e de fato, de todos os países do mediterrâneo. Ao repelir este assalto os cidadãos atenienses provaram sua bravura e coragem. Atenas se colocou a frente dos estados gregos ameaçados e eventualmente, na medida em que um estado após outro caia diante dos invasores, ela continuou a lutar sozinha e preservou sua liberdade.

Esta luta heróica também aliviou os egípcios, que tinham sido duramente pressionados pelos exércitos invasores, mas finalmente foram capazes de repelir os ataques do povo Atlante. As desordens e sofrimentos destes tempos eram acreditados terem sido causados por uma gigantesca catástrotofe natural de impacto universal. Os sacerdotes egípcios lembraram a Solon da história grega de Faeton, filho de Helios, deus do Sol, que entrou na carruagem solar de seu pai e incapaz de manter o curso de seu pai ele queimou e torrou muitos países da Terra no terrível calor de sua passagem. Eventualmente Zeus arremessou Faeton do céu com o ataque de um raio e extinguiu os grandes incêndios com inundações e tempestades.

O sacerdote egípcio de Sais admitiu que a história soava como uma fábula, mas ela de fato continha o germe da verdade; algo muito similar aconteceu na realidade. Antes desta idade catastrófica o clima da Terra tinha sido quente e fértil. As montanhas da Grécia eram cobertas por uma marga rica e florestas luxuriantes; em todos os lugares os regatos e riachos forneciam água abundante à terra. Depois das catástrofes o solo, que havia se tornado pó devido ao calor intenso, foi varrido pelas subsequentes inundações, deixando apenas o esqueleto de um país, as rochas e as pedras. Ao mesmo tempo gigantescos terremotos e inundações tornaram a terra natal dos Atlantes inabitável. Atlante, a ilha real do reino atlante, é dito ter sido engolida pela inundação e terremoto em um único dia e noite de terror. Somente um mar de lama permaneceu no lugar da ilha real. Nos capítulos seguintes da história da Atlântida nos são dadas narrativas detalhadas da exata posição da ilha real, a extensão e poder do reino atlante e muitos outros fatos.

Nos é falado que sobre a ilha real, ou Basiléia, ficava o castelo dos reis Atlantes e um templo dedicado a Poseidon, o principal deus dos atlantes. Aqui os Atlantes são ditos terem encontrado cobre solido e derretido, bem como um estranho produto natural conhecido como orichalc; que o sacerdote não foi capaz de dizer o que era. Para nós é apenas um nome, mas os atlantes o valorizavam como ouro. Fora do cobre os atlantes trabalhavam com estanho em grande extensão. Eles também conheciam o ferro, mas aparentemente ele era não usado durante festividades cerimoniais. Muitos outros detalhes nos são conhecidos sobre a Atlântida e os atlantes. Segundo Platão, o sacerdote egípcio referiu-se continuamente aos antigos papiros e inscrições egípcias; devemos citar e discutir estes detalhes - nos capítulos relevantes. Solon teve esta história, que foi originalmente traduzida da linguagem atlante para o egípcio, e daí traduzida para o grego.

Ele pretendeu escrever um poema épico baseado nisto, mas a confusão que ele encontrou em Atenas na sua volta evitou que ele completasse seu plano. O poema inacabado da guerra entre Atenas e os Atlantes, a história da própria Atlântida, foi entregue a Critias o Jovem, que a leu para um círculo de amigos na presença de Sócrates e Platão. Platão então escreveu a história sobre a antiga Atenas e os da Atlântida, assim a preservando para a posteridade. A história da Atlântida é, segundo as repetidas avaliações de Platão, o relato exato e fiel das antigas inscrições egípcias e dos papiros coletados pelos sacerdotes em Sais e estudados e contados novamente por Solon. Como Platão ressaltou:”a história Atlante não é um conto de fadas, mas em cada aspecto é uma história verdadeira”.

ATLÂNTIDA - FÁBULA OU FATO?

Desde a idade de Platão, a história da Atlântida tem arrebatado um interesse especial de incontáveis pessoas. “Homens sábios e tolos, excêntricos e poetas, cientistas e filósofos, hereges e sacerdotes” disse o oceanógrafo sueco Petterson, que tem discutido o problema, se a Atlântida realmente existiu ou foi apenas um ornamento da teoria de Platão da organização social e do Estado - um exemplo-modelo inventado como um ponto de comparação entre a Atenas livremente democrática e o Estado todo poderoso. Esta discussão se a história da Atlântida era apenas um conto de fadas ou um valioso registro histórico já havia começado no tempo de Platão. Ele próprio repetidamente avaliou que a história não era uma fábula, mas completamente verdadeira. Em outros lugares ele diz que a história da Atlântida, embora curiosa, é em todos os aspectos uma certeza histórica.

Dos deveres heróicos dos atenienses, que vitoriosamente defenderam-se contra os soldados atlantes atacantes, ele ressaltou: “Este ato bravo, embora pouco conhecido, não obstante aconteceu”. Nos Diálogos de Critias, Mnemosyne, a deusa da Lembrança, é evocada para assegurar que todos os detalhes sejam relatados de acordo com os acontecimentos reais. Confiante na veracidade das crenças de Platão, inúmeros eruditos tem tentado resolver o enigma da Atlântida. Segurando Ceram aproximadamente vinte mil livros tem sido escritos desde os dias de Platão sobre o assunto. Braghine e Paul Herrman falam em por volta de vinte e cinco mil. Usando todos os meios possíveis à disposição da humanidade, tem sido feitas tentativas para rasgar o véu do segredo.

Sociedades foram fundadas, conferências foram realizadas, e expedições de pesquisa foram equipadas em ordem de realizar a tarefa. Segundo relatos de jornais, apenas em 1950 três grandes expedições estiveram tentando encontrar a Atlântida. Egerton Sykes acreditou que a ilha afundada estaria nas vizinhanças dos Açores, a mais de 10.000 pés de profundidade, e tentou em vão encontrar traços dela, usando equipamento de radar e cargas profundas. É relatado que um descendente de Tolstoi resolveu procurar perto de Bermudas porque um piloto aéreo americano havia dito ter avistados muros e ruínas de templo no Atlântico Sul durante a última guerra. O francês Henri Lhote equipou uma expedição ao Saara, onde, no deserto pedregoso e sem água de Tanzerouft, ele esperava encontrar a ilha afundada da Atlântida.

O erudito e político americano Donelly convocou as marinhas do mundo, para “ao invés de fazer guerras, realizar um útil trabalho cultural ao procurar pelas relíquias da Atlântida no leito do oceano.” Quando todas estas pesquisas se provaram infrutíferas, os espiritualistas e teosofistas entraram no campo e ofereceram soluções realmente fantásticas ao problema. Até mesmo bombas foram utilizadas para resolver a questão. Em agosto de 1929, em uma sala da Sorbonne em Paris, duas bombas de gás foram atiradas por um delegado em um congresso da Sociedade para Estudos Atlantes, para refutar rapidamente, efetivamente e sem posterior discussão a opinião de um orador que a Atlântida era para ser identificada na Córsega! Qual tem sido o resultado de tudo isto? Ceram tem escrito que a despeito dos vinte mil volumes que até então tem sido publicados sobre a Atlântida, nenhum tem sido capaz de provar sua existência.

É uma pequena maravilha, portanto que tantos eruditos acreditem que a história nada mais seja do que uma ilusão. Até mesmo Aristóteles manteve esta convicção, que tem sido fortemente reforçada em nosso próprio tempo. O sueco Lindskog escreveu que a Atlântida era e é uma ilha lendária, uma criação da imaginação e nada mais. O abade francês Moreux descreve a história atlante como “pura fantasia” enquanto que o austríaco Rudolf Noll a chamou de romance utópico a que falta qualquer base histórica. Estes julgamentos fazem com que pareça inútil continuar a pesquisar a história atlante. O veredito da ciência foi dado. Platão tem sido acusado de engano deliberado e toda a pesquisa relativa a Atlântida condenada como uma ‘contribuição à tolice humana”, e todos estes que tem tratado o assunto tem sido denunciados como ‘tolos’, ‘atlantomaniacos’ e ‘excêntricos’. Mas os eternos céticos que pronunciaram este julgamento severo tem cumprido sua tarefa de um modo fácil demais. Nenhum dos muitos que descartaram a história atlante como pura fantasia tem até mesmo tentado provar sua avaliação.

Platão tem sido denunciado como um charlatão antes que suas declarações sejam até mesmo testadas e seus escritos tem sido julgados como “livre poesia”, sem a questão uma vez ter sido proposta se os papiros e inscrições que ele afirmava como a base para seu relato de fato não tenham existido ou possam não existir ainda hoje.

SOLON ESTEVE EM SAIS

A declaração de abertura de Platão é a de que Solon esteve em Sais, no Baixo Egito, e ele próprio viu as inscrições e os papiros que continham a história atlante. Os sacerdotes egípcios, que coletaram e estudaram os textos, os traduziram do antigo egípcio e os entregaram a Solon. Esta avaliação é repetida por Platão em muitas formas diferentes. Brandenstein declara que Platão teve o maior problema para verificar a confiabilidade da história atlante. Para autenticá-la, Platão conta como os sacerdotes egípcios adquiriram os papiros, como Solon escreveu a história, pretendendo usá-la como base para um poema, e como o caos que ele encontrou em seu retorno a Atenas evitou que ele completasse o empreendimento.

Platão declara, sobretudo: que a história havia sido originalmente traduzida da linguagem atlante para o egípcio e foi somente para Solon novamente traduzida para o grego e ele acrescenta que havia inúmeras provas de sua correição. Ela alcançou Platão por meio de vários intermediários. Não devemos também verificar estas declarações? Não há dúvidas que de fato Solon foi ao Egito e este fato tem sido confirmado por muitos antigos escritores e cronistas. Ele iniciou sua jornada de dez anos depois que havia dado a Atenas suas leis muito úteis e fez esta viagem com o intuito de coletar informação sobre os tempos pré-históricos. Sua primeira meta era Sais, a residência dos faraós, porque seus sacerdotes haviam reunido e estudado inscrições antigas e textos de seu pais e tinham um profundo conhecimento da história antiga.

Não há qualquer dúvida que tudo isto está correto. Quando Solon viajou ao antigo Egito, Sais, situada na boca do Nilo, logicamente seria a cidade a ser visitada primeiro. Ela também de fato era cidade residência dos farós e Psamtik I (663-609 AC) havia permitido uma colônia de mercadores gregos a quem ele garantiu privilégios especiais para se estabelecrem nas vizinhanças da residência real. No tempo de Solon o faraó Ahmose II (57o-525 AC), mencionado por Platão, reinava em Sais: ele favoreceu os gregos em uma tal extensão que despertou o ciúme dos egípcios. Solon adquiriu de Ahmose várias leis, por exemplo esta: “a cada ano cada habitante tinha que mostrar ao governante por que meios ele ganhava seu sustento”. Temos posteriormente que acreditar em Platão quando ele diz que Solon tinha estado em Sais, que ele foi bem recebido e recebeu honras. Os sacerdotes de Sais realmente coletaram e estudaram em detalhes textos históricos, inscrições e papiros, como Platão nos conta nos Diálogos? Novamente devemos confirmar Platão.

O estudo intensivo do passado era de fato a principal ocupação dos sacerdotes em Sais nestes dias. Breasted, a grande autoridade na história egípcia, diz que sobre os sacerdotes em Sais em outra ligação: Os escritos e rolos sagrados dos séculos passados eram procurados com grande zelo, e com a poeira das idades que os cobriam eles eram coletados, separados e arrumados. Uma tal educação clássica levou os sacerdotes de volta a um mundo há muito tempo esquecido, cuja sabedoria herdada, como com os chineses e maometanos, formavam as mais altas leis morais. O mundo havia ficado mais velho e com um prazer todo particular eles se ocuparam com esta juventude há muito passada. A era de Sais, com sua contínua referência às condições passadas, tem com justiça sido chamada de uma idade de restauração. Então a declaração de Platão que os sacerdotes em Sais coletavam e estudavam documentos antigos é confirmada por uma das maiores autoridades na história egípcia. Foi lá em Sais, como manteve Platão, que os textos e as inscrições, ou cópias deles, relatavam a grande guerra do povo atlante, as terríveis catástrofes naturais desta época, e a libertação do Egito da matança dos guerreiros atlantes? Proclus, um comentador de Platão, relata que os sacerdotes de Sais mostraram as mesmas inscrições e papiros a Crantor de Soli (330-270 AC), que escreveu o primeiro comentário sobre Timaeus.

Elas de fato existiam, e levanta-se a questão se estas inscrições ou ao menos algumas delas, dos incontáveis textos egípcios antigos que tem sido perdidos no curso dos séculos ainda existam hoje alguns.

A DATAÇÃO DOS EVENTOS DESCRITOS NA HISTÓRIA DA ATLÂNTIDA

Antes que comecemos a tentar rastrear os antigos textos que descrevem os eventos relatados por Platão devemos primeiro corrigir a datação dos próprios eventos. De nossa solução deste problema - o mais importante de todos no estudo da Atlântida - depende o nosso veredito sobre a autenticidade da história; a inteira história se mantém ou cai pela nossa resposta. É muito mais do que estranho que dificilmente algum erudito tenha inquirido a questão da datação ou pensado que isto fosse válido para de determinar a ir mais profundamente. O problema de onde a Atlântida estava situada tem tomado precedência sobre a questão de quando ela foi destruída. Uns poucos eruditos que tem lidado com a datação tem, a despeito dos meios a nossa disposição hoje para a solução de tais problemas, dado respostas realmente ridículas: os eventos descritos a Solon teriam sido ocorridos em quase cada 10 mil anos atrás entre cem mil AC e 500 AC.

Se estes são os resultados dos eruditos modernos não é surpreendente então encontrar que a própria datação de Platão - 8.000 anos antes de Solon - seja completamente impossível ou, como corretamente diz Knotel, uma completa falta de lógica. Muitas das coisas mencionadas em detalhes na história atlante - entre outras, os Estados gregos, a cidade de Atenas, um império egípcio, o cobre, o estanho, o primeiro ferro, e carrruagens - certamente não existiam a 8.000 anos antes de Solon, iato é, em 8.600 AC.

Deve haver um erro aqui, talvez um erro na tradução; não podemos aceitar esta datação. Mas felizmente, acrescentando-se a esta má interpretação, a história contém muitas alusões que nos capacitam a datar corretamente os eventos. Há, por exemplo, a frequente citação que os atlantes tinham uma grande riqueza de cobre e de estanho e foram até mesmo os mais iniciais usuários do ferro. Uma raça que possuia cobre e estanho de fato viveu na Idade de Bronze, por volta de 2000 a 1000 AC. Se, como tem sido dito, os instrumentos de ferro já eram conhecidos na Atlântida, então a ilha deve ter existido no fim da Idade do Bronze, ao tempo quando o ferro apareceu pela primeira vez. A questão do uso dos primeiros instrumentos ou implementos de ferro tem sido estreitamente investigada pela bem conhecida autoridade em metalurgia pré-histórica, Wilhelm Witter.

O exaustivo exame de Witter de achados arqueológicos o levou a conclusão definitiva que os primeiros implementos de ferro feitos por mãos humanas vieram com a invasão dos povos do mar ao Norte, que varreram como um furacão os países mediterrâneos pelo fim do século treza AC. Segundo Witter, ao menos alguns povos do Norte devem ter dominado as técnicas do ferro antes que eles começassem a grande migração. Se, como mantém Platão,a história da Atlântida é em cada aspecto historicamente um relato confiável e acurado, então os eventos que ele descreve devem ter ocorrido perto do fim do século treze AC, ao tempo da introdução do ferro, quando o cobre e o estanho ainda eram amplamente utilizados. Talvez Olaf Rudbeck (1630-1703) estivesse certo ao presumir que tenha havido um erro de tradução, que devemos pensar não em 8.000 anos mais em 8.000 meses entre a queda da Atlântida e a ida de Solon ao Egito.

Se assim tiver ocorrido, a queda da Atlântida deve ter ocorrido por volta de 1200 AC. Esta presunção do historiador sueco nos leva ao tempo exato em que a Atlântida deve ter perecido. O ano egípcio era de doze meses, e oito mil ‘meses’ são portanto 666 anos. Se subtrairmos estes 666 anos da data da viagem de Solon ao Egito [560 AC] chegaremos ao ano 1226 AC e este ano foi talvez o do início da catástrofe da Atlântida. Este foi o ano em que os líbios, expulsos de seus lares por terríveis desastres naturais, atacaram o faraó Merneptah; em quase exatamente 1200 AC, o povo do Mediterrâneo Norte alcançou a Grécia, chegando à fronteira egípcia em 1195 AC. Podemos facilmente imaginar que o povo do Norte - como os Cimbrianos e os Teutons mil anos depois - esteve em movimento por vinte ou trinta anos, até que foi finalmente detido por Ramses III em 1195 AC. Há, de fato, muito a ser dito sobre a crença de Rudbeck que Solon entendeu mal os sacerdotes egípcios e que o início das catástrofes e guerras descritas na história da Atlântida tinham que ser colocadas em 8.000 meses antes de Solon.
Rudbeck e muitos outros eruditos depois dele tem ressaltado que os longos períodos de vida registrados no Geneses são o resultado da mesma confusão entre o antigo cálculo oriental em meses e os mais modernos cálculos em anos. Todas as idades dadas, portanto, devem ser divididas por doze. Deste modo Adão não teria 930 anos, mas 77. Seth não teria 912 anos, mas 76. Mahalaleel não teria 895 mas 74 anos, Jared não teria 962 mas 80 anos e Matusalém não teria 969 mas 81 anos e Lamech não teria 777 mas 64 anos .Até mesmo hoje os egípcios calculam o tempo em meses. O Rei Farouk escreve em suas memórias : “Nosso calendário é contado por meses, e não como o calendário Gregoriano na maioria dos países ocidentais por um ano de 365 dias”.

TEXTOS E INSCRIÇÕES CONTEMPORANEAS RELACIONADAS À HISTORIA

Anteriormente levantamos a questão se alguns textos aos quais se referiam os sacerdotes de Sais e que foram vistos por Solon e por Crantor, podem não mais existir hoje. Temos estabelecido que todos os eventos descritos na história da Atlântida devem ter ocorrido ao tempo do uso mais inicial do ferro, no fim do século treze AC, e permanece a descobrir se existe qualquer inscrição ou papiro deste tempo que confirme as declarações da história. De fato bem um número de tais textos são conhecidos:

- 1 - Inscrições por volta do tempo do faraó Merneptah (1232-1214 AC), entre elas o Grande Tablete de Karnak e a Estela de Athribis .

- 2 - As inscrições e pinturas na parede no templo de Ramses III (1200-1168 AC) em Medinet Habu, onde milhares de jardas quadradas de inscrições históricas e relevos estão gravados nas paredes e colunas.

- 3 - O Papiro Harris, o texto mais compreensivo que nos foi preservado do antigo Oriente.Ele é um rolo de papiro que tem cem pés de comprimento e que foi escrito como um tipo de relatório do governo de Ramses III.

- 4 - O Papiro Ipuwer, no qual uma testemunha ocular das terríveis catástrofes no Egito se queixa veementemente que estes infortúnios foram trazidos pelo faraó. O Papiro Ipuwer tem sido datado por Erman por volta de 2500 AC, mas a data está errada. O papiro menciona o bronze e então só pode ter se originado na Idade do Bronze. Ele também alude a “Terra de Keftyew,” que não aparece até depois da 18a. dinastia, 1580 a 1350 AC. Sobretudo, sua descrição das catástrofes naturais e da invasão de raças estranhas no delta do Nilo concorda em grande extensão com aquelas de Medinet Habu e a do Papiro Harris, o que prova que o Papiro Ipuwer se originou no mesmo tempo destes textos; isto é, por volta de 1200 AC.

- 5 - As fontes do Velho Testamento, particularmente do Exodus, também terão que ser consultadas. Elas contém o que pode ser mostrado por comparação com os outros textos originais serem as descrições fiéis da época. O Exodus descreve a Migração dos Filhos de Israel do Egito e as terríveis pragas que tornaram esta migração possível. Este evento aconteceu entre 1232 e 1200 AC. Em Exodus I, é relatado que os Filhos de Israel foram forçados durante sua escravidão a construir os centros de Pithom e Ramses como locais de armazenamento. Estas cidades foram construídas por Ramses II (1298-1232 AC). Pithom no Wadi Tumilat, que é o portal natural do Egito para quem vem da Ásia e foi construído como uma cidade fortaleza, enquanto Ramses, ou “a Casa de Ramses,” foi construída no delta do Nilo como uma nova residência para o faraó de quem recebeu o nome. Este mesmo Ramses II, construtor de Pithom e Ramses, era também o hebraico “Faraó da Opressão”.

Segundo o Exodus II, 23, este faraó morreu antes da migração dos israelitas e a erupção das grandes aflições conhecidas como ‘as dez pragas do Egito’. O faraó ao tempo do êxodo deve portanto ter sido um sucessor de Ramses II. Mas quando Ramses III ascendeu ao trono no ano de 1200 AC o Egito já era um Estado em completa devastação. As catástrofes naturais descitas no Exodus devem portanto ter ocorrido entre 1232 e 1200 AC; hoje geralmente elas são assumidas terem começado por volta de 1220 AC, o que parece estar correto. O Exodus, então, registra os mesmos desastres daqueles descritos em outras inscrições e papiros listados acima e na história da Atlântida.

- 6 - Temos a acrescentar a estas fontes contemporâneas muita informação adicional obtida por nós de antigos poetas e escritores de uma idade posterior. Como esta informação não pode ser seguramente datada a devemos citar apenas em casos excepcionais.

- 7 - Além disso há muita evidência arqueológica que, reunida com os inúmeros achados da ciência natural, impressivamente confirma as declarações das inscrições contemporâneas e da história da Atlântida.

AS CATÁSTROFES NATURAIS OCORRIDAS POR VOLTA DE 1200 AC

As principais objeções dos críticos à história da Atlântida sempre tem sido destinadas a narrativa de Platão das extensas catástrofes naturais ditas terem afligido o mundo inteiro ao tempo da queda da Atlântida, e terem causado as grandes guerras do povo atlante. Este relato tem sido rotulado como ‘pura invenção’ de Platão em uma tentativa de tornar mais plausível sua “especulação cosmológica”. Uma tal suspeita é completamente compreensível porque Platão fala de catástrofes tão inigualáveis que sua negativa como pura invenção parece apenas justificável demais. Segundo Platão, os sacerdotes de Sais disseram a Solon que naquele tempo a terra foi ressecada e torrada em uma extensão que supera a imaginação; grandes incêndios destruíram muitas terras e florestas, os terremotos alabalaram o mundo e causaram uma destruição enorme, muitos rios e regatos secaram e a ilha real da Atlântida foi engolfada pelo mar.

Finalmente grandes inundações e tempestades tropicais se acrescentaram ao caos. Assim, em um fantástico rodamoinho de catástrofes terríveis, uma idade não usualmente favorável e frutífera seguiu uma de clima muito mais severo e estéril. Estas declarações correspondem aos fatos? Por volta do século treze AC aconteceu algum desastre universal ou os críticos estão corretos ao acusarem Platão de romantizar? (a) a dessecação e o grande fogo.

Os documentos contemporâneos declaram com certeza que tais catástrofes de fato ocorreram por volta do século treze AC. Uma fonte diz sobre a dessecação e o grande incêndio: “Uma terrível tocha arremessou chamas do céu para procurar as almas dos líbios e destruir a tribo deles”. Edgerton explica que um raio do céu tinha afligido os líbios e destruído a tribo deles. Detalhes similares podem ser encontrados em outros lugares. “O calor queimou como uma chama sobre a terra deles. Seus ossos queimaram e derreteram em suas pernas”. “O calor em sua terra queimou como o fogo de um forno”. E a respeito do povo do Norte: “Suas florestas e pessoas foram destruídas pelo fogo”. “Diante deles alastrou-se um mar de chamas”. Repetidamente encontramos registrado que os inimigos do Egito foram queimados ou afligidos por um grande incêndio. Mas o Egito também sofreu.

Uma testemunha ocular tem relatado que as paredes, portais e colunas foram destruídas pelas chamas, o céu estava em caos, nem fruto ou alimento podia ser encontrado, em um único dia tudo foi destruído e a terra ficou seca como cera cortada. No Exodus lemos: “O Senhor enviou o trovão e o granizo e o fogo correu sobre o solo, e o Senhor fez chover granizo sobre a terra do Egito. Então houve granizo e fogo misturado com o granizo, muito doloroso, tal como nada como isto na terra do Egito desde que ela se tornou uma nação”. Ovídio escreveu em ‘Metamorfoses’, em toda probabilidade baseando sua narrativa em confiáveis fontes antigas: “A terra estava incendiada, as montanhas se elevaram, e grandes brechas apareceram; os rios secaram; grandes cidades desapareceram com todos seus habitantes e enormes erupções de fogos transformaram seres humanos em cinzas”.

Cada frase desta descrição pode ser confirmada por fontes contemporâneas ou outras fontes históricas. Certamente é verdadeiro que nas últimas décadas do século treze AC a Líbia tornou-se um deserto. Durante a Idade de Bronze isto era, como grandes áreas do Saara, uma terra fértil e cheia de água. Incontáveis desenhos nas rochas de rebanhos de gado, carros puxados a cavalos, peixes e barcos tem sido encontrados em lugares onde hoje nem até mesmo um camelo pode sobreviver. Numerosos cemitérios datando das eras iniciais de Pedra e de Bronze e outros achados arqueológicos encontram prova que o país uma vez foi populoso e altamente fértil. Mas por volta de 1200 AC a Líbia se tornou torrada, e seu povo buscou refúgio no delta do Nilo. O velho sacerdote de Sais que falou com Solon sobre estas catástrofes estava provavelmente correto ao dizer: “Por aquele tempo os rios e lagos da Líbia, alimentados do Saara Central e Sul, secaram, o Nilo continuou a fluir pelo derretimento dos glaciais a 15.000 pés das montanhas onde ele tinha sua fonte.” Mas a prova mais impressionante da dessecação catastrófica de por volta de 1200 AC vem dos mal denominados ‘habitantes dos lagos’ da Europa.

Restos de assentamentos tem sido encontrados em muitos lagos e rios europeus, embora estejam a uma distância considerável do litoral. Eles datam do período entre 2.000 e 1200 AC. Até recentemente era acreditado que eles fossem restos de residências nos lagos, isto é, casas construídas em palafitas sobre a água. Mas na medida em que o nosso conhecimento dos acampamentos pré históricos foi aumentado pelas escavações arqueológicas,o enigma destas residências no lago tornou-se ainda mais intrigante. Pareceu não haver qualquer propósito em construir um tal tipo extraordinário de acampamento em nosso clima europeu. O erudito alemão 0. Paret atacou este problema sob um novo ângulo e encontrou um número de objeções técnicas às explicações que anteriormente tem sido oferecidas. Ele chegou à conclusão que os ‘habitantes no lago’ cujos postes eram encontrados nos lagos, rios e pântanos da Europa de fato não eram afinal habitações em lagos, mas acampamentos construídos em solo firme. Sendo assim, o fato de que estes restos tenham sido encontrados tão longe nas águas pode apenas significar que ao tempo da ereção o nível da água estava quinze pés mais baixo do que hoje. Todos estes acampamentos tem sido construídos às margens da água durante o tempo da seca e tinham sido inundados e evacuados quando os lagos e rios se elevaram novamente.

Desde que isto se aplica a todas as habitações de lago pela Europa Central e do Norte a causa deve ter sido uma catástrofe geral, não uma local, começando com extensa seca e terminando com inundações enormes. O nome ‘habitações do lago’ foi um erro enorme e uma disseminação que os desastres naturais devem ser vistos como fatos históricos provados. Estas ‘habitações do lago’ tem sido encontradas datarem de apenas o tempo das duas grandes idades da seca por volta de 2.000 a 1200 AC. Paret foi capaz de avaliar que a seca de 1200 AC foi muito mais severa e disseminada do que aquela de 2.000 AC. Para ilustrar os eventos daquela era ele nos lembra, como o sacerdote de Sais 2.520 anos antes dele, da maravilhosa história grega de Faeton, que dirigiu a carruagem solar de seu pai ao longo dos caminhos errados e queimou muitos países até que Zeus extinguisse as chamas com grandes tempestades tropicais e inundações.

Esta história parece também a Paret uma boa ilustração para as catástrofes naturais que ocorreram por volta de 1.200 AC. Esta inversão climática resultou em uma falta tão grande de alimentos entre as raças do mundo que ela forçou muitas delas a se tornarem canibais. Isto foi instrumental para o movimento das raças na Europa Média e do Sul; isto derrubou as bases de um velho mundo e lançou as bases para um mundo novo. Foi a causa da enchente que determinou o destino do mundo. Todas estas observações e inscrições contemporâneas citadas acima não deixam dúvida que a grande seca relatada pela história da Atlântida e o “grande fogo” de fato aconteceram no tempo afirmado, isto é, na direção do fim do século treze AC. A este ponto também a história de Platão não é pura invenção mas em todos os aspectos uma história verdadeira. (b) Terremotos e inundações. O mesmo se aplica aos “gigantescos terremotos e inundações” relatados por Platão, que sempre tem sido descritos como um produto da grande imaginação do Grego.

Em apoio a elas também incontáveis relatos contemporâneos e provas científicas podem ser citadas. As inscrições em Medinet Habu registram que o país das pessoas do Norte foi destruído, e “as almas deles expostas a um perigo mortal”. O Egito fica em completa desolação, suas cidades destruídas, seus habitantes vítimas, da pavorosa catástrofe da natureza. Eusébio, Bispo da Cesareia, relata, com base nos antigos escritos do Exodus, “Houve granizo e terremoto, e aqueles que fugiam do granizo para dentro das casas eram mortos pelo terremoto, que fez com que todas as casas e a maioria dos templos desabasse”. Tácito (Annals, iv, 55) diz : ” O povo de Halikatnass me asegura que não tem havido um terremoto em seu país por 1.200 anos”. Diodoro da Sícilia, que viveu pouco antes de Cristo, escreveu em sua história universal que 1200 anos antes dele o Lago Tritonis na África do Norte desapareceu em um terrível terremoto. Justino o Mártir (165) relata que os fenícios, que avançaram do oriente para a costa do mediterrâneo no fim do século treze AC, foram expulsos de seu lar original da Assíria. Simultaneamente com os terremotos foram ditos terem havido tempestades tão terríveis que, segundo Ramses III, as ilhas do povo do Norte foram “arrancadas pela raiz pela tempestade e varridas para sempre”.

A inscrição hieróglifo de El Arish, que descreve os mesmos desastres, diz: “O país estava em grande perigo, o infortúnio caiu sobre a terra e houve tumulto na capital. Por nove dias ninguém pôde deixar o palácio. Durante estes nove dias houve uma tempestade tal que nem os homens e nem os deuses [porque aqui provavelmente significasse a família real] puderam ver as faces ao redor deles”. A Tempestade também foi mencionada no Exodus, que relata que ela se disseminou do oriente e então mudou para o ocidente: “E o Senhor enviou um poderoso vento ocidental”. A ocorrência simultânea de ventos ocidentais poderosos e gigantescos terremotos causou inundações e deslizamentos de terra. Ramses III relatou que o Delta inundou suas costas. Em Exodus é dito sobre isto: “Vós que soprais o vento, o mar os cobriu [os egípcios] eles afundaram como chumbo nas águas poderosas”. Em muitas partes da Grécia há lembretes da inundação Deucalionica em que os escritores gregos dataram de ao mesmo tempo do incêndio de Faeton. Eusébio escreveu que a inundação do Deucalião, o fogo de Faeton e o exodus israelita do Egito todos aconteceram ao mesmo tempo, e Augustinus pensava que a inundação do Deucalião fosse contemporânea do exodus de Moisés do Egito. É também muito provável que os numerosos mitos gregos lidando com a enchente Deucalionica sejam um lembrete das inundações gigantescas e tempestades tropicais por volta de 1200 AC.

Em Delfos, na boca do Antesterion, sacrifícios especiais foram oferecidos a Apolo em gratidão por sua entrega segura dos ancestrais das pessoas da enchente deucalionica. Nós já temos visto, da evidência dos chamados ‘habitantes dos lagos’ os efeitos catastróficos da rápida elevação do nível das águas dos lagos e rios que pode facilmente ser provado. “Quando os habitantes do lago repentinamente pararam no Lago Constance e nos lagos suíços a razão deve ser encontrada em uma causa bem mais longe”, diz Paret, Esta “causa bem mais longe”, segundo ele, era a grande mudança climática no início da Idade de Ferro, que levou a um rápido aumento no nível da água dos lagos e rios e a inundação dos “habitantes do lago”.

Estes “habitantes dos lagos” do período por volta de 1200 AC são a prova visível que gigantescas tempestades tropicais e inundações descritas na história da Atlântida de fato seguiram a época das secas na metade do século treze AC. Paret nos assegura que as catástrofes climáticas da idade eram vistas “na perspectiva correta por Platão. Nas charnecas da Alemanha do Norte, Jonas tem encontrado muitos traços de uma “zona de umidade” bem definida que ele data com base nos achados arqueológicos em 1200 AC. Segundo ele a grande maioria das charnecas e crescimento de humus tem crescido no solo seco das idades anteriores depois de uma nova onda de inundações ao tempo por volta de 1100 a 1000 AC. Ao mesmo tempo as grandes mudanças na costa ocidental da península Cimbriana deve ter ocorrido. O Mar do Norte, que até então se estendia tão longe quanto Heligoland, dominou largas extensões de terra e alcançou o que é conhecido como “Middleback .” A terra seca saindo do mar foi retorcida e os penhascos foram formados. Ao mesmo tempo gigantescas “paredes de praia” eram despedaçadas pelas ondas e desde modo criaram os ” Doons ” no Marne e o ” Lundner Nehrung,” um língua de terra longa e estreita que tem 12 milhas de comprimento e cinco milhas de largura. Estes penhascos e paredes de praia não podem ter se formado anteriormente.

Ernst Beckman, que estudou em detalhe este extensão da costa, colocou a data de sua formação “por volta de virada da Idade de Bronze ou Idade de Ferro”. Devemos ver mais tarde que antes das catástrofes lá existiu uma grande ilha situada a oeste da costa Holstein, nas vizinhanças de Heligoland. Esta ilha agia como um quebramar para a costa ocidental de Holstein e efetivamente a teria protegido das terríveis devastações reveladas pelos penhascos e paredes da praia. Somente depois que a ilha submergiu foi possível ao mar destruir uma grande parte da costa. Estes penhascos e paredes de praia não existiam no Idade do Bronze e isto é provado pela completa ausência de achados arqueológicos do período nesta área, embora haja numerosos na vizinhança imediata de ” Middleback .”

Os achados datam da Idade de Ferro, por outro lado, mostram que as paredes de praia exitiam nesta época, então elas devem terem sido formadas nas catástrofes de por volta de 1200 AC. O gregos mantiveram viva na memória esta catástrofe. Faeton, quando Zeus o atirou do céu por um raio caiu na boca do Eridanus, onde seu corpo foi encontrado e enterrado por suas irmãs, as Heliades. As irmãs foram transformadas em choupos e, ficaram no litoral de Eridanus chorando o irmão. É dito que as lágrimas delas caíram no rio e se transformaram em âmbar, que era lavado para o litoral na ilha de Basiléia no Mar do Norte. Portanto não é sem importância se seguimos Richard Henning, o autor de muitos trabalhos sobre problemas históricos e geográficos que identifica Eridanus como Elba, ou o erudito e escritor alemão Heinar Schilling e o historiador sueco Sven Nilsson, ao identificá-lo o Eider, porque a boca de ambos os rios ficava naqueles tempos na vizinhança de Heligoland .

Textos egípcios antigos contemporâneos acrescentam a evidência dos penhascos e paredes de praia para mostrar que a terrível catástrofe natural deve ter acontecido por volta de 1200 AC. Em conclusão podemos dizer que toda informação dada na história da Atlântida sobre a catástrofe natural mundial de 1200 AC tem sido confirmada na mais completa extensão por numerosas inscrições contemporâneas, por observações arqueológicas e investigações científicas, e por incontáveis histórias mais recentes, das quais apenas umas poucas nós citamos. Quando comparamos as narrativas das inscrições contemporâneas com as histórias de Platão temos que admitir que Platão tem contado sobre estas catástrofes de modo factual e não reticente. Elas foram de muito maior consequência do que o relato de Platão nos leva a acreditar. Elas marcaram o fim da Idade de Bronze que era climaticamente favorável e nos levaram a uma nova época difícil, a Idade de Ferro, que causou as inundações e o fim do destino favorável com as inundações em uma escala mundial.
AS EXPEDIÇÕES MILITARES DO POVO ATLANTE

As expedições militares do povo Atlante contra o Egito e a Grécia, relatadas por Platão, tem sem exceção sido descartadas como lendas, do mesmo modo que as catástrofes naturais. Até mesmo eruditos como Adolf Schulten e Wilhelm Brandenstein, que acreditam na “substância histórica” da história da Atlântida, ou da lenda atlante, tem tentado descartar as expedições do povo Atlante como “fingimentos da imaginação”. Nossas idéias da relação de poder na Idade de Bronze fazem parecer incompreensível que naqueles dias existisse uma tribo que atravessaria a Europa e a Ásia Menor e alcançasse a fronteira Egípcia com a meta de dominar a Grécia, Egito e toda a terra dentro desta faixa. A concepção da unificação da Europa e dos países Mediterrâneos sob um só poder é tão moderna que parece perplexante até mesmo como um vôo de fantasia de Platão, mas que isto deva ter sido concebido a aproximadamente mil anos antes de Platão e quase traduzido em realidade é exatamente impensável para a mente humana.

Esta parte da história da Atlântida tem similarmente sido sem qualquer hesitação descartada e até mesmo utilizada como prova da falta de confiabilidade da inteira narrativa de Platão. Mas também aqui as inscrições e os papiros desaprovam os julgamentos apressados dos céticos. Devemos comparar a narrativa de Platão desta campanha militar e do plano “Pan Europeu” dos Atlantes com os documentos contemporâneos e mostrar que aqui também ele nada acrescentou, e manteve-se estritamente de acordo com os antigos textos egípcios trazidos por Solon. Os pontos principais da narrativa de Platão da grande expedição militar são estes:

- 1 - Os povos do reino Atlante se uniram em uma força e resolveram por uma única expedição de guerra para dominar a Grécia e o Egito, bem como toda terra dentro desta extensão.

- 2 - No curso da expedição o povo Atlante vagou pela Europa e submeteu a inteira Grécia com exceção de Atenas. Eles então invadiram a Ásia Menor e penetraram na fronteira do Egito, que eles ameaçaram, mas foram incapazes de conquistar.

- 3 - Dos países Mediterrâneos, Líbia, Grécia e Europa até onde vai o Mar Tirreno vieram sob o governo dos reis Atlantes. Estes países então se uniram a grande expedição.

- 4 - Um grande exército, bem equipado e altamente organizado, forte nas carruagens de guerra e uma frota poderosa estavam a disposição do poder Atlante. Dez reis, conhecidos como “Os Dez” comandavam as forças sob o comando supremo do Rei da Atlântida.

- 5 - A expedição dos Atlantes aconteceu ao tempo das grandes catástrofes naturais. Segundo os resultados obtidos, esta grande expedição deve então ter ocorrido por volta de 1200 AC. É certo que nas décadas por volta de 1200 AC ocorreram eventos que confirmam a história da Atlântida em um grau surpreendente. Estes eventos tem aparecido na história sob o nome de “Grande Migração”, “Migração Doriana”, “Migração do Egeu”, “Migração Iliriana”. Elas também tem sido nomeadas, com o nome das raças que desempenharam um papel decisivo nos estágios iniciais da Grande Migração”, as expedições militares dos povos do mar e do Norte.

“Fora as inscrições contemporâneas que já temos discutido - que foram descritas por Bilabel como “documentos do maior valor histórico” - os resultados das inúmeras escavações arqueológicas ajudam a lançar luz nesta época decisiva da história européia, e nos habilita a reconstruir o curso dos eventos. Durante o reinado do faraó Merneptah os líbios e seus aliados irromperam no Egito pelo oeste compelidos pela aridez de seu país a deixarem sua terra natal para esta expedição contra o Egito em busca de alimentos.

Eles foram acompanhados por mulheres e crianças líbias. Sob a liderança do Rei Meryey os libios tiveram sucesso em avançar até Menfis e Heliópolis, onde eles estabeleceram assentamento. No quinto ano de seu reinado, em 1227 AC, Merneptah resolveu expusar os invasores e em 3 de Epithi [Abril] a batalha de Perire aconteceu. Depois de seis horas os libios foram derrotados e tiveram que fugir. Um rico botim caiu nas mãos dos vitoriosos.do Faraó, inclusive 9.111 espadas de bronze, de três ou quatro pés de comprimento.

O número de mortos deixados no campo de batalha era de 6.359 libios, 2.370 pessoas do Norte, 222 Shekelesh (Sicilianos) e 74 etruscos. Mas embora os libios e povos do Norte unidos sofressem uma séria derrota, eles se levantaram novamente. A batalha de Perire foi apenas o início de uma série de eventos muito maiores e sangrentos; somente uma abertura para uma revolução mundial de extensão sem paralelo. Agora podemos ver pelas medidas que os países do mediterrâneo oriental tomaram que eles viram uma terrível tempestade se aproximando. Na direção do fim do século treze AC os Atenienses eregiram uma grande fortaleza ciclópica e se armaram para sua defesa. Em Mycenx as fortificações foram fortalecidas e ao mesmo tempo foi tomado o cuidado que o suprimento de água para a fortaleza fosse bem assegurado. A fortaleza de Tiryns foi construída e todas as fortificações foram fortalecidas.

Na Ásia Menor os Reis Hititas tentaram fortemente fortificar sua capital Boghazkoi e concluir um pacto militar com o Egito para impedir o dia do julgamento. Os faraós trouxeram o país dele a um alto nível de prontidão por um grande programa de rearmamento, pela reconstrução de cidades destruídas pelas catástrofes e por levantar grandes exércitos de mercenários. Por volta de 1200 AC a tempestade que se ameaçava irrompeu. Do Norte grandes exércitos invadiram e ocuparam a inteira Grécia; apenas Atenas aguentou e superou o ataque. O invasor povo do Norte veio por terra, mas eles devem ter vivenciado construtores de barcos e talentosos marinheiros. Segundo a história eles construíram uma poderosa frota em Naupactos no Golfo de Corinto, atravessaram o Peloponeso e destruíram as poderosas frotas Achaic e de Creta.

Eles então ocuparam Creta, as ilhas do Mar Egeu e Chipre. É possível que uma grande força do povo do Norte já tinha se voltado da Grécia, atravessado o Bósforo, e destruído Tróia, a Tróia de Homero, que já havia sido destruída oitenta anos antes pelos gregos de Micenas. Uma longa trilha de destruição marcou o curso destas tribos que já haviam seguido a rota por terra, operando aparentemente lado a lado com aqueles que atravessaram o mar da Grécia e Chipre. A Ásia Menor estava agora ocupada e atravessada, a poderosa terra dos Hititas foi destruída e desapareceu quase da face da terra.

As escavações mostram que Boghazkoi, a capital Hitita foi saqueada e destruída a despeito de suas esplêndidas fortificações. As contemporâneas inscrições egípcias confirmam os resultados das escavações e descrevem o curso subsequente destas grandes expedições militares. Ramses III relata “O povo do Norte tem feito uma conspiração na ilha deles. As ilhas tem sido rasgadas e tem sido levadas pelo vento.

As terras dos Hititas, Codos, Carcemistas, Arzawa, Alasia [Chipre] foram destruídas. Eles eregiram o acampamento deles em um lugar em Amor [ao norte da Síria]. Eles destruíram o país e seus habitantes como se eles nunca tivessem existido.” Aparentemente o povo do Norte reuniu-se em Amor em seu acampamento para o ataque decisivo contra o Egito. Ramses III ordenou uma mobilização geral. Ele fortificou sua fronteira ao norte, assegurou suas baías, e reuniu seus barcos de guerra de todos os tipos, fortemente armados, e tripulados da proa a popa. Ele ordenou exércitos para equiparem tropas auxiliares. O recrutamento e o equipamento foram dirigidos pelo Príncipe da Coroa. Fora as tropas nativas, negros e soldados da Sardinia também foram alistados. É dito deste exército que os soldados eram os melhores do Egito - eles eram como leões rugindo nas montanhas. No quinto ano do reinado de Ramses [1195 AC], depois de alguns ataques aparentemente fracos, um ataque em escala completa foi feito contra o Egito, provavelmente baseado em um plano unificado.

Os líbios, mais uma vez unidos aos povos do Norte, tentaram ganhar um pé perto da boca do Nilo, e a força principal do inimigo saiu de Amor na direção do Egito. Ramses III e suas tropas se moveram na direção do inimigo. A batalha estava destinada a ser de importância histórica mundial. Pela boa sorte e pelo talentoso emprego de suas forças Ramses III foi capaz de resistir à matança. Centenas de milhares de pessoas do Norte foram mortas ou capturadas. Seus barcos de guerra, alguns dos quais já haviam alcançado a costa, se encontraram diante de uma parede de metal. Eles foram cercados pelas tropas egípcias armadas com lanças, empurrados para a terra seca e cercados. Houve uma tal matança nos barcos que os cadáveres o cobriam de proa a popa. Muitos dos barcos do Norte emborcaram e sua tripulação afogou-se.

O povo do Norte que atacava por terra foi cercado e as mulheres e crianças que eles traziam com eles em seus carros de boi foram mortas ou levadas para a escravidão. Wrescinski, o bem conhecido egiptologista, acredita que a consequência da guerra foi decidida na batalha do mar, porque foi esta que foi descrita em maior detalhe. As pinturas de parede em Medinet Habu mostram claramente que o povo do Norte foi derrotado a despeito de sua superioridade naval. Os barcos deles não tinham remos e confiavam em velas para sua propulsão, mas neste dia fatídico aparentemente não havia vento, e por esta razão os barcos ficaram parados,os lemes deixados sem pessoal e os barcos foram levados pela corrente para fora da costa.

As tripulações dos barcos estavam armadas apenas com lanças e espadas, isto é, apenas para o combate próximo, e não havia arqueiros entre eles. Os egípcios, por outro lado, emergiram da boca do rio em barcos rápidos, impulsionados por muitos remos. Eles levavam arco e flechas e foram capazes de cercar e dispor dos infelizes barcos de uma distância segura. Seus remadores e arqueiros dispararam de trás de paredes protetoras compostas dos corpos dos Nortistas capturados e fustigaram os barcos. Quando as tripulações dos barcos inimigos estavam reduzidas em número pelas flechas dos egípcios, os barcos de guerra egípcios se aproximaram, lançaram o combate, ferros na velas abertas dos barcos do Norte, o que os fez emborcar. Suas tripulações saltaram na água, onde a maioria foi morta, somente uns poucos alcançando a costa.

Os relevos em Medinet Habu tem preservado para nós cenas tocantes da heróica luta do povo do Norte. Em um barco, apinhado de nortistas caídos, uns poucos homens ainda continuam a batalha sem esperança; em um outro um guerreiro nortista sustenta um camarada seriamente ferido com seu braço direito e levanta um escudo protetor com o esquerdo. Em um terceiro barco os Nortistas, eles próprios ameaçados até a morte, estão tentando salvar um ferido que flutua na água. Cenas similares da mais alta camaradagem e coragem que desafia a morte do povo do Norte são mostradas no grande relevo da batalha por terra. Otto Eisfeld, que tem estreitamente estudado a era dos Filisteus e Fenícios está indubitavelmente certo ao dizer: “As descrições egípcias das batalhas de Ramses III contra os Filisteus mostram um grau notável de coragem desafiadora da morte da parte dos Filisteus.” [Os Filisteus eram o povo principal entre a coalizão dos povos do Norte e do Mar]. As mãos dos Nortistas mortos ou feridos nas batalhas por terra e por mar eram cortadas, atiradas em uma pilha e contadas. Deste modo era determinado o número exato de baixas. Para as batalhas iniciais o número de mãos cortadas do inimigo caído tinha sido precisamente contado.

Por exemplo, depois da batalha perto da fronteira líbia entre Ramses III e as forças combinadas líbias e Nortistas, 25.215 mãos tinham sido contadas. Mas agora nos é dito que o número de mãos resultantes das batalhas decisivas de 1195 AC, somente eram incontáveis em número, e os prisioneiros tomados eram tão numerosos quanto a areia do mar. Podemos assumir que as expressões indefinidas foram escolhidas porque o número dos caídos ou feridos era muito maior do que nas batalhas anteriores. ATLANTIDA O Povo do Mar do Norte na batalha por mar. Um soldado ferido está caindo sobre a borda mas é rapidamente sustentado pelo seu camarada. (Medinet Habu). Um grande relevo particularmente bem preservado mostra o que aconteceu aos prisioneiros tomados em batalha.

Eles eram geralmente amarrados em pares e levados ao campo de prisão onde eles eram forçados a sentarem-se no solo, esperando seu interrogatório. Então eles eram levados separadamente diante dos oficiais egípcios, discerníveis por seus longos aventais, e marcados com o nome de Sua Majestade. Depois eles eram levados diante de um oficial de inteligência e questionados cuidadosamente.

As declarações deles sob estes interrogatórios nos foram preservadas por muitos escritores. Os reis e príncipes dos povos do Norte e do mar se tornaram prisioneiros pessoais do Faraó. Ramses III pessoalmente ressaltou que ele tinha feito prisioneiros os “dez príncipes” do povo do Norte e os havia carregado em triunfo. A vitoria de Ramses III parecia completa, mas era apenas uma vitória de Pirro. Ele tinha dado batalha várias vezes mais, em uma prolongada luta contra o povo do Norte e os Filisteus o que é também mencionado na Bíblia. A luta forçou o Egito a fazer pesados sacrifícios. Ao tempo de Ramses III o Egito ainda estava no auge de seu poder, mas agora ele sofria um período de declínio e sombria estagnação.

O povo do Norte assentou-se na antiga província egípcia em Amor na Síria, colonizou o país e construiu baías seguras ao longo de sua costa. Por quase duzentos anos eles governaram a Palestina e o Mediterrâneo Oriental, que veio a ser conhecido, como a principal tribo do povo do Norte, como o Mar dos Filisteus. Na aliança com os libios eles finalmente tiveram sucesso em invadir o Egito onde eles estabeleceram um rei de ditadura militar. Em 946 AC um líbio, Sheshonk I, usurpou o trono real egípcio. Uma comparação destes eventos, confirmada pelas inscrições contemporaneas e extensa evidência arqueológica, e as declarações da história da Atlântida, mostram que todas as declarações da história concordam com os fatos históricos. Temos mostrado que a história está correta ao registrar que, no início da Idade do Ferro, isto é, na direção do fim do século treze AC, durante um tempo de catástrofes mundiais, um povo poderoso que governava sobre muitas ilhas e países “perto do Grande Oceano no Norte” se uniu em uma única força e estabeleceu uma enorme expedição militar para conquistar a Grécia, o Egito e todos os países do Mediterrâneo. Esta expedição de fato penetrou pela Europa e Ásia Menor até o Egito, que foi seriamente ameaçado; a esta expedição estavam unidos os libios e os Tirrenos, os Skekelesh e os Weshesh.

O poderoso exército era de fato comandado pelos “Dez”, sob o comando supremo do Rei dos Filisteus. Fortes unidades de carruagens de guerra e uma poderosa força naval, que fez apenas uma tentativa na história para invadir o Egito pelo mar, reforçada por um exército por terra. Grandes catástrofes ocorreram antes, que se espalharam por um período de muitos anos. O Egito se salvou do extremo perigo que o ameaçava e preservou sua liberdade, por apenas uns outros cem ou duzentos anos.

Ramses III escreveu que esta grande força planejava conquistar todas as terras da Terra e de fato chegou muito próxima do sucesso; até mesmo os guerreiros Nortistas capturados, depois de sua pesada derrota nas mãos dos guerreiros de Ramses III, ainda pensavam que o plano teria sucesso. Simplesmente não é possível que Platão, que não poderia se lembrar destes eventos, ou Solon, que admitiu que ele e nem qualquer outro grego tinha idéia dos acontecimentos, possam ter inventado uma descrição tão historicamente exata como esta. A história da Atlântida frequentemente corresponde palavra por palavra aos textos contemporâneos originais, o que faz com que seja altamente provável que os sacerdotes em Sais conheciam estas mesmas inscrições e papiros, e os utilizavam como base para a narrativa deles.

A história, portanto, deve ser reconhecida como um relato fatual, historicamente valioso, até mesmo embora ela tem sido universalmente considerada “pura invenção”. Platão está correto quando ele afirma que isto de modo algum é um conto de fadas, mas em cada aspecto é uma história verdadeira. Antes que o povo Atlante tivesse atravessado a Ásia Menor e a Síria e alcançado a fronteira do Egito, eles tinham, segundo Platão, tido sucesso em submeter todos os Estados gregos. Apenas Atenas preservou sua independência e liberdade depois de uma luta heróica. As fronteiras do Estado de Atenas são descritas em detalhe, e mostram que a Atica, Oropos e Megara estavam incluídas dentro delas.

A repulsa ateniense dos Atlantes tem sido descrita como um exemplo brilhante de grande coragem e defesa talentosa. Esta parte da história da Atlântida em particular tem sido negado como não histórica pelos eruditos. Schulten, que em geral sustenta a acurácia da substância da história, diz que o episódio revela a verdadeira razão para o ornamento de Platão dos fatos simples da história: ele queria se consolar e aos Atenienses depois dos desastres da guerra do Peloponeso. Outros eruditos tem dito que Platão inventou um conto de fadas para glorificar sua própria cidade Atenas. Mas até mesmo esta parte da história de Platão está completamente de acordo com os fatos históricos e os achados arqueológicos. Antes que os povos do mar e do Norte atravessassem a Ásia Menor, eles invadiram a Grécia, destruíram fortalezas, queimaram cidades, e trouxeram a cultura Micenas a um rápido e violento fim.

Há ampla evidência da força esmagadora com a qual o povo do Norte varreu a Grécia. Os historiadores concordam com a grande importância deste evento. Schachermeyer o descreve como uma das mais terríveis catástrofes na história do mundo. Segundo Wiesner, uma tempestade sem paralelo varreu através do Mediterrâneo Oriental. Weber acredita que isto foi nada menos do que uma revolução mundial, sem paralelo na história antiga em sua magnitude e extensão. Paret escreve que isto começou uma grande migração de povos de toda parte Central e Sul da Europa, bem como da Ásia Menor;isto revolucionou o velho mundo e criou a base para um novo.

Bachofer tem chamado a isto de uma inundação que determinou o destino do mundo. Não podemos, portanto, simplesmente desmentir estes eventos como mitos inventados ou como contos de fadas históricos para o conforto dos Atenienses. Eles podem ser provados terem acontecido e terem criado a base de uma nova idade para o mundo clássico, ocidental. Uma coisa surpreendente é que enquanto a Grécia, Creta, Ásia Menor e Síria eram arrasadas até o solo, Atenas e Atica eram deixadas intocadas e não afetadas pelo colapso destes povos. Parece, contudo, que a luta irrompeu entre os Atenienses e o povo do Norte e que os aclives dos fortes da cidade foram evacuados por um tempo pelos habitantes, que buscaram refúgio na Acropolis.

Também parece provável que a história do Rei Kodrus, um ancestral de Solon, foi morto na defesa de Atenas, contém um germe de verdade histórica. É certo que os Atenienses emergiram vitoriosos e preservaram sua liberdade do modo que a história descreve. Em uma palestra sobre as escavações em Cerameicos, o grande cemitério antes dos portões de Atenas foi apenas completado no século treze AC. Segundo os achados, línguas e tradições, a Atica não foi imediatamente tocada por isto, mas batalhas de fato aconteceram, e temos que assumir que alguns povos gregos pré Dorianos que foram expulsos do Peloponeso começaram uma migração que continuou pelo fim do século doze AC. Nisto está uma explicação para o fato que em Atenas e em Atica a cerâmica Micenica continuou a ser feita e desenvolvida, muito depois do influxo do povo do Norte ter causado seu desaparecimento no resto da Grécia.

Quando consideramos que os povos do mar e do Norte em seu avanço irresistível dominaram o resto da Grécia, Creta e as ilhas do Egeu, é de todo mais surpreendente que neste terrível colapso das terras do sul e do leste Atenas fosse capaz de preservar sua independência. Em conclusão podemos dizer deste episódio da história de Platão que ele corresponde sem dúvida a fatos históricos. É surpreendente, de fato, que Platão não tenha feito mais dos surpreendentes fatos heróicos de sua cidade natal, e que nem Solon e nem Platão reconhecessem que estas eram as batalhas, relatadas na história Ateniense, entre o Rei Kodrus e as hordas que invadiram vindas do Norte. Se Platão estivesse motivado a confortar os Atenienses, ou louvar seus ancestrais, então sem dúvida ele teria criado algo diferente do disponível material histórico.

Ele, por exemplo, teria ocultado o fato amargo que um número enorme de guerreiros Atenienses foram engolfados pelos grandes terremotos do período. Quão pouco da narrativa de Platão é parcial é demonstrado pelo fato que sua narrativa, que é suposta glorificar Atenas, lida muito extensamente com a Atlântida. Por esta razão temos chamado a história de “História da Atlântida” e não “História da Antiga Atenas”. O intento de Platão era claramente não contar uma fábula louvando os Atenienses ou glorificando sua terra natal, mas registrar tão fielmente quanto possível o material tradicional.

CONCLUSÕES Nossa pesquisa da parte questionável da história da Atlântida tem nos levado às seguintes conclusões:

- 1 - O relato da Atlântida é em seus aspectos principais uma confiável fonte histórica. Como Platão repetidamente avaliou, ela é de fato uma adaptação grega de antigas inscrições e papiros egípcios. Os eventos que ela registra de fato aconteceram por volta de 1200 AC. Alguns dos antigos papiros e inscrições egípcios sobre os quais a história é baseada ainda existem, então somos capazes de comparar a narrativa deles com aquela da história. A comparação mostra que Platão e outras fontes tradicionais [os sacerdotes de Sais, Solon, Critias o Velho e Critias o Jovem] tem fielmente relatado as narrativas dadas nestes textos, e não podem ser culpados de inventarem fábulas e mitos. Se, a despeito disto, mau entendimentos e erros tem aparecido, a razão não pode residir nos antigos sacerdotes terem deliberadamente falsificado o relato, mas simplesmente na dificuldade de tradução e no fato de que em algum lugar na longa cadeia da tradição os enganos são capazes de ocorrer. Os sacerdotes fizeram uma tentativa honesta de transmitir os registros manuseados por eles com sua melhor habilidade e conhecimento. Isto tem sido confirmado por Platão. Eles não merecem amargas queixas e acusações injustas, mas agradecimento e um ouvido atencioso porque eles nos tem dado as narrativas mais antigas e valiosas existentes da história ocidental; o relato das dores de nascimento e inícios da cultura ocidental. Nossa atitude geral em relação ao relato de Platão deve ser uma de confiante aceitação. Somente onde claras provas e fatos inegáveis falam contra certos detalhes de Platão podemos considerar um erro ou mau entendimento na tradicional fonte. Um julgamente apressado e sem justificativa está aqui, como em outros lugares, muito não justificado.

- 2 - A segunda conclusão que podemos obter com base na nossa pesquisa é que os Atlantes da história são idênticos aos povos do mar e do Norte das inscrições e papiros de Ramses III. O nosso conhecimento destes povos dos textos contemporâneos, sustentados pelas extensas escavações arqueológicas, está completamente de acordo com o relatado sobre os Atlantes. Aprendemos de ambos que o lar deles era nas ilhas e terras do Oceano Mundial ao Norte; que a terra deles foi varrida pela tempestade em uma era de terrível seca e grandes incêndios e que sua cidade real e seu país pereceram ao mesmo tempo. Aprendemos que os Atlantes e os povos do Norte combinaram uma grande expedição militar e que os libios e os Tirrenos se uniram sob eles; que eles foram liderados pelos “Dez” que planejaram governar todas as terras, até o fim das terras; que eles conquistaram a Grécia, com exceção de Atenas, bem como a Ásia Menor; que eles atacaram o Egito mas sua séria ameaça foi com sucesso repelida. O relato da Atlântida, como os relevos contemporâneos, mostram que esta grande força incluía poderosos grupos de carruagens e uma poderosa força marítima. Portanto não há dúvida que o termo ‘Povo Atlante” é simplesmente um outro nome, provavelmente um nome local, para os povos do mar e do Norte. Estas duas conclusões removem os destroços das más concepções e o peso morto do ceticismo não justificado, a datação apressada e as más identificações do valor da história da Atlântida. Eles abrem o caminho para uma câmara de tesouro de rico conhecimento histórico e um perplexante insight da vida e hábitos de um grande povo, vivendo a mais de três mil anos atrás, que foi forçado a deixar seu lar em uma época de terríveis catástrofes.

Fonte: Internet

Solange Christtine Ventura
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