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Quem é Emmanuel?
1. EMMANUEL
Emmanuel - Emmanuel foi o inesquecível guia de Chico Xavier, durante o seu longo apostolado mediúnico. Autor de mais de uma centena de livros de suma importância aos interesses do Espiritismo no Brasil, prossegue arrebatando admiradores sinceros e seguidores fiéis até os dias de hoje. Ao contrário de notícias vinculadas na imprensa espírita, dando conta de sua reencarnação ( ! ), prossegue trabalhando, desde o Plano Espiritual, na expansão de sua obra de evangelização espírita.
Primeira aparição de Emmanuel - Emmanuel, em seu primeiro contato com Chico Xavier mostrou-se dentro de raios luminosos em forma de cruz e com a aparência de um bondoso ancião. Mais tarde, captado por tintas mediúnico-artísticas, Emmanuel revelou-se um belo homem, de traços maduros e serenos, porém joviais e marcantes. Instado a revelar sua identidade, esquivou-se repetidas vezes, alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo Planeta, padre católico (Manuel da Nóbrega), desencarnado no Brasil. (Chico Xavier, in "Emmanuel", 1938).
Emmanuel & Chico Xavier - Embora Chico Xavier tenha se iniciado no Espiritismo aos 17 anos, em 7 de maio de 1927 (fonte: FEB), apenas a partir de 1931 Emmanuel passou a guiar as suas mãos, sendo para este, segundo suas próprias palavras, "um viajante muito educado procurando domar um animal freado e irrequieto, afim de realizar uma longa excursão". (Pinga-Fogo, Edicel).
Apesar de apontamentos seguidos sobre a rígida disciplina aplicada por Emmanuel sobre Chico Xavier, este apenas teve sempre, sobre seu mentor, palavras de carinho e gratidão. E uma profunda admiração também, perceptível nesta declaração: "Solicitado para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, notei-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros." Ou então: "Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que tolera as falhas, e pela bondade com que repete as lições que devo aprender. Em todos estes anos de convívio estreito, quase diário, ele me traçou programas e horários de estudo, nos quais a princípio até inclui datilografia e gramática, procurando desenvolver os meus singelos conhecimentos de curso primário, em Pedro Leopoldo, o único que fiz agora, no terreno da instrução oficial."
Emmanuel permaneceu ao lado de Chico até suas derradeiras horas no Planeta. O médium morreu na noite de domingo, 30 de junho, aos 92 anos, de parada cardíaca, na cidade de Uberaba, MG, e onde passou grande parte de sua vida.
É impossível falar em Espiritismo ou em Chico Xavier, principalmente, sem recordar este grande Espírito que ao longo de várias e laboriosas décadas, consolidou a Doutrina Espírita no Brasil. Foi através de múltiplos ensinamentos e mensagens, que Emmanuel popularizou a Terceira Revelação sobre o solo brasileiro. Suas preciosas lições e incansáveis recomendações ecoam até hoje, através de livros e lembranças, a perpetuar um trabalho de imensurável valor e que se desenvolveu, certamente, sob a direção direita do Cristo. (©1999-2006 Instituto André Luiz - Conforme Lei dos Direitos Autorais nº 9.610, de 19.02.98)
2. O SURGIMENTO DE EMMANUEL:
Conta Marcel Souto Maior, no saboroso "As vidas de Chico Xavier" que, "o ano de 1931 foi movimentado para Chico. E triste. Cidália morreu em março. Pouco antes de ir embora, chamou o enteado e fez um pedido: ele deveria evitar que João Cândido se desfizesse, novamente, dos filhos - seis dela e nove do primeiro casamento.
Ah, mãe, fique despreocupada. Eu prometo que, enquanto minha última irmã não estiver casada, minha missão no lar não terá acabado. Depois da promessa, o apelo.
Não vá embora, não. Com quem vou conversar sobre minhas visões? Quem vai acreditar em mim?
Num último esforço, Cidália o consolou.
Tenho fé de que você ainda há de encontrar aquelas pessoas do arco-íris* e elas vão te entender mais do que eu.
Chico se sentia sozinho apesar das visitas esporádicas da mãe e das sessões no Centro Luiz Gonzaga. Para escapar do coro dos céticos, ele arrastava os pés pelas ruas de terra do arraial e, com os sapatos sempre frouxos, tomava o rumo do açude. Aquele era seu refúgio. Ali, ele se encolhia à sombra de uma árvore, na beira da represa, encarava o céu e rezava ao som das águas. Em 1931, o bucolismo da cena deu lugar ao fantástico.
O rapaz teve sua conversa com Deus interrompida pela visita de uma cruz luminosa. Franziu os olhos e percebeu, entre os raios, a poucos metros, a figura de um senhor imponente, vestido com túnica típica de sacerdotes. O recém-chegado foi direto ao assunto.
Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?
- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.
- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
Diante do silêncio do desconhecido, Chico perguntou:
Qual o primeiro ponto?
A resposta veio seca:
Disciplina.
E o segundo?
Disciplina.
- E o terceiro?
Disciplina, é claro.
Chico Xavier concordou. E o estranho aproveitou a deixa:
- Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.
O rapaz levou um susto. Como iria comprar tinta e papel? Quem pagaria a publicação de tantos títulos? O salário de caixeiro no armazém de Felizardo mal dava para as despesas de casa, os 13 mil-réis mensais eram gastos com catorze irmãos; seu pai era apenas um vendedor de bilhetes de loteria.
Chico arriscou uma previsão.
Papai vai tirar a sorte grande?
O forasteiro encerrou as apostas:
- Nada, nada disso. Sorte grande mesmo é o trabalho com fé em Deus. Os livros chegarão por caminhos inesperados.
O roteiro estava escrito. Restava ao matuto de Pedro Leopoldo seguir as instruções. Seus passos, tropeços e quedas, muitas quedas, seriam acompanhados de perto por aquele estranho a cada dia mais íntimo, O nome dele: Emmanuel, o mesmo que tinha se apresentado a Carmem Perácio quatro anos antes. A missão: guiar o rapazote e evitar que ele fugisse do script traçado no além. Chico deveria colocar no papel as palavras ditadas pelos mortos e divulgar, por meio do livro, a doutrina dos espíritos." (As Vidas de Chico Xavier", Marcel Souto Maior, Edit. Planeta)
* A equipe de Espíritos chefiada por Emmanuel, e principalmente este, devido a grandeza e peculiaridade da tarefa, provavelmente possui (ou possuía) atmosfera espiritual colorida a lembrar um arco-íris, como dizia Chico, pois de uma forma incompreensível para nós, as imagens ilustrativas de suas páginas foram sendo adornadas invariavelmente com um arco-íris. Podemos dizer mais: fazer isso tornou-se algo quase irresistível, enquanto que os fundos (ou backs) pendiam sempre para o marrom, a lembrar chão, terra. Por não compreender-lhe o motivo, retiramos o arco-íris de quase todas ilustrações, preservando apenas a desta página; da página que apresenta Emmanuel em sua encarnação como Manoel da Nóbrega (onde o desejo de inserir imagens da fauna e flora brasileira, exuberante e colorida nos tons do arco-íris, também foi algo quase irresistível) e a que ilustra a página ainda em construção "Anjos do Brasil", dedicada aos Espíritos que velam pelo Brasil desde as suas primeiras horas, dentre eles Emmanuel. (Lori, Instituto André Luiz).
Vide: http://www.institutoandreluiz.org/manoel_da_nobrega.html
http://www.institutoandreluiz.org/anjos_do_brasil.html
3. ESTILO
Além da recomendação de disciplina, para toda e qualquer situação, a segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada: " - Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo."
Esse, o estilo de Emmanuel. A verdade sem rodeios.
APARÊNCIA - Em 1953, Chico estava na cabine (de materialização) quando a sala foi iluminada por uma espécie de relâmpago. Uma aparição com quase 1,90m de altura, porte atlético e tórax largo, entrou em cena. Trazia na mão direita, erguida, a velha tocha acesa* (um símbolo de fé). Com voz clara, baritonada, encheu o peito e afirmou:
- Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento.
Era ele mesmo. Emmanuel.
Chico obedeceu mais uma vez. Sua missão era o livro, era materializar idéias. Precisava cumprir seu cronograma e entregar logo os novos trinta títulos. Ainda faltavam dez.
A maioria dos amigos entendeu. O autor de best sellers espíritas saía das sessões em estado de exaustão. Pálido, abatido, banhado em suor. Alguns admiradores ficaram decepcionados. Quem sabe Chico não poderia provar, com esses fenômenos, a existência dos espíritos? A esperança era inútil. A maioria absoluta dos céticos duvidaria de cada foto ou de cada aparição luminosa.
4. OBRA DE EMMANUEL
Dentre os mais de quatrocentos livros psicografados por Chico Xavier, cerca de 110 livros (com pouca margem de erro), pertencem unicamente a Emmanuel. Um número considerável, que se torna gigantesco quando acrescido das demais obras onde de uma forma ou outra ele participou, tanto com mensagens quanto com prefácios, alguns fartos e sumamente felizes, qual o que apresenta o livro "Libertação", de André Luiz.. Podemos dizer que, se longo foi o mandato de Chico, incansável foi o amor e a boa vontade de Emmanuel, em traçar pra nós, encarnados ainda em profunda necessidade, um um poderoso roteiro de luz espiritualizante. (Instituto André Luiz)
COMO EMMANUEL COMUNICOU A CHICO O NÚMERO DE LIVROS QUE DEVERIAM ESCREVER JUNTOS:
Chico Xavier: "Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: 'Trinta livros pra começar!' Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu: 'Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados!' Algum tempo depois, enviando as poesias de 'Parnaso de Além- Túmulo' para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: 'Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes!' Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência: 'Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.' Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. Ele esclareceu, com bondade: 'Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.' Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: 'Sim, não temos outra alternativa!' Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: 'A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico!' Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de 'Desígnios de Cima." ( De "O Espírita Mineiro", n. 205, abril/junho de 1988).
5. COMOVENTE MENSAGEM
As mensagens de Emmanuel, indiscutivelmente, são um primor de sabedoria, de luz, de amor e de incentivo ao progresso.
Dentre todas, porém, uma se destaca, pela beleza e pela comovente certeza de que nela Emmanuel declara sua sincera confiança no ser humano, no futuro da Humanidade e, principalmente, sua fé no Evangelho de Jesus.
Esta mensagem chama-se "No Futuro". Por muito bela, levou-nos às lágrimas quando da primeira leitura. Num misto de encantamento e júbilo, percebemos ali a nossa própria destinação, apesar dos conflitos terrenos intermináveis, a guerras já nada silenciosas do orgulho, da intolerância e do sectarismo. Num mundo onde o valor máximo da vida pode ser depositado em bancos, onde a carne substituiu o espírito, onde a honestidade é desmoralizada impiedosamente, onde os valores morais já não contam e onde lágrimas vertem em abundância de quase todos os corações, mesmo os considerados felizes, é profundamente confortador saber que, um dia, no futuro, tudo isso será passado porque, como diz Emmanuel, "O Cordeiro de Deus terá transformado o coração de cada homem em tabernáculo de luz eterna, em que o seu Reino Divino resplandecerá para sempre..."
Leia a mensagem. Veja, logo após, o link da página onde ela se encontra formatada, com belíssima imagem simbolizando o futuro e o maravilhoso som de Yanni ao fundo. Com opção "Envie a um amigo".
(Texto exclusivo do Instituto André Luiz. © 1999-2006.)
NO FUTURO
Quando o homem gravar na própria alma
Os parágrafos luminosos da Divina Lei,
O companheiro não repreenderá o companheiro,
O irmão não denunciará outro irmão.
O cárcere cerrará suas portas,
Os tribunais quedarão em silêncio.
Canhões serão convertidos em arados,
Homens de armas volverão à sementeira do solo.
O ódio será expulso do mundo,
As baionetas repousarão,
As máquinas não vomitarão chamas
para o incêndio e para a morte,
Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.
A justiça será ultrapassada pelo amor.
Os filhos da fé não somente serão justos,
Mas bons, profundamente bons.
A prece constituir-se-á de alegria e louvor
E as casas de oração estarão consagradas
ao trabalho sublime da fraternidade suprema.
A pregação da Lei
Viverá nos atos e pensamentos de todos,
Porque o Cordeiro de Deus
Terá transformado o coração de cada homem
Em tabernáculo de luz eterna,
Em que o seu Reino Divino
Resplandecerá para sempre.
EMMANUEL
"Pão Nosso", 41, FCXavier, FEB)
Veja a mensagem formatada
aqui:http://www.institutoandreluiz.org/emmanuel_no_futuro.html
6. UM ROMANCE INESQUECÍVEL
"Há 2000 Mil Anos" é sem dúvida um dos mais belos romances mediúnicos de todos os tempos. Fruto de lembranças pessoais de Emmanuel, o livro apresenta, em 20 emocionantes capítulos, não apenas impressões do orgulhoso Senador Públio Lentulus, mas também traça, com precisão, um retrato da Roma dos Césares, de seus costumes e tradições quase nunca de acordo com os princípios que o Cristo trazia à Terra naquele momento.
O romance aborda a sua trajetória entre as honrarias romanas, desde os anos tenros até o desencarne em Pompéia, sob as cinzas do Vesúvio. Unido a Lívia por ardente amor de "almas gêmeas", para sua desgraça aceita no coração a calúnia do adultério e a condena, por isso, a vinte e cinco anos de solidão, negando-lhe qualquer palavra de entendimento ou mesmo o convívio com a filhinha Flávia, curada por Jesus.
Enredado em rígidos valores sociais, produndamente incapacitado a entender, humilhar-se e perdoar, Públio desperdiça, para seu posterior desespero, luminosas oportunidades de felicidade e engrandecimento espiritual.
Quando se propôs a ditar o livro, disse Emmanuel, sem perder o ensejo de ensinar humildade e fé a quantos o acompanhavam: "Agora verificareis a extensão de minhas fraquezas no passado, sentindo-me, porém, confortado em aparecer com toda a sinceridade do meu coração, ante o plenário de vossas consciências. Orai comigo, pedindo a Jesus para que eu possa completar esse esforço, de modo que o plenário se dilate, além do vosso meio, a fim de que a minha confissão seja um roteiro para todos."
No dia 4 de janeiro de 1939, Emmanuel grafava a prece abaixo, ainda com respeito as memórias do passado remoto que acabava de colocar no livro "Há 2000 Mil Anos", psicografia iniciada em 24 de outubro de 1938:
"Jesus, Cordeiro Misericordioso do Pai de todas as graças, são passados dois mil anos e minha pobre alma ainda revive os seus dias amargurados e tristes!...
"Que são dois milênios, Senhor, no relógio da Eternidade?
"Sinto que a tua misericórdia nos responde em suas ignotas profundezas... Sim, o tempo é o grande tesouro do homem e vinte séculos, como vinte existências diversas, podem ser vinte dias de provas, de experiências e de lutas redentoras.
"Só a tua bondade é infinita! Somente tua misericórdia pode abranger todos os séculos e todos os seres, porque em Ti vive a gloriosa síntese de toda a evolução terrestre, fermento divino de todas as culturas, alma sublime de todos os pensamentos.
"Diante de meus pobres olhos, desenha-se a velha Roma dos meus pesares e das minhas quedas dolorosas... Sinto-me ainda envolto na miséria de minhas fraquezas e contemplo os monumentos das vaidades humanas... Expressões políticas, variando nas suas características de liberdade e de força, detentores da autoridade e do poder, senhores da fortuna e da inteligência, grandezas efêmeras que perduram apenas por um dia fugaz!... Tronos e púrpuras, mantos preciosos das honrarias terrestres, togas da falha justiça humana, parlamentos e decretos supostos irrevogáveis!... Em silêncio, Senhor, viste a confusão que se estabelecera entre os homens inquietos e, com o mesmo desvelado amor, salvaste sempre as criaturas no instante doloroso das ruínas supremas... Deste a mão misericordiosa e imaculada aos povos mais humildes e mais frágeis, confundiste a ciência mentirosa de todos os tempos, humilhaste os que se consideravam grandes e poderosos!...
"Sob o teu olhar compassivo, a morte abriu suas portas de sombra e as falsas glórias do mundo foram derruídas no torvelinho das ambições, reduzindo-se todas as vaidades a um acervo de cinzas!...
"Ante minhalma surgem as reminiscências das construções elegantes das colinas célebres; vejo o Tibre que passa, recolhendo os detritos da grande Babilônia imperial, os aquedutos, os mármores preciosos, as termas que pareciam indestrutíveis... Vejo ainda as ruas movimentadas, onde uma plebe miserável espera as graças dos grandes senhores, as esmolas de trigo, os fragmentos de pano para resguardarem do frio a nudez da carne.
"Regurgitam os circos... Há uma aristocracia do patriciado observando as provas elegantes do Campo de Marte e, em tudo, das vias mais humildes até os palácios mais suntuosos, fala-se de César, o Augusto!...
"Dentro dessas recordações, eu passo, Senhor, entre farraparias e esplendores, com o meu orgulho miserável! Dos véus espessos de minhas sombras, também eu não te podia ver, no Alto, onde guardas o teu sólio de graças inesgotáveis...
"Enquanto o grande Império se desfazia em suas lutas inquietantes, trazias o teu coração no silêncio e, como os outros, eu não percebia que vigiavas!
"Permitiste que a Babel romana se levantasse muito alto, mas, quando viste que se ameaçava a própria estabilidade da vida no planeta, disseste: - "Basta! São vindos os tempos de operar-se na seara da Verdade!" E os grandes monumentos, com as estátuas dos deuses antigos, rolaram de seus pedestais maravilhosos! Um sopro de morte varreu as regiões infestadas pelo vírus da ambição e do egoísmo desenfreado, despovoando-se, então, a grande metrópole do pecado. Ruíram os circos formidandos, caíram os palácios, enegreceram-se os mármores luxuosos...
"Bastou uma palavra tua, Senhor, para que os grandes senhores voltassem às margens do Tibre, como escravos misérrimos!... Perambulamos, assim, dentro da nossa noite, até o dia em que nova luz brotara em nossa consciência. Foi preciso que os séculos passassem, para aprendermos as primeiras letras de tua ciência infinita, de perdão e de amor!
"E aqui estamos, Jesus, para louvar-te a grandeza! Dá que possamos recordar-te em cada passo, ouvir-te a voz em cada som distraído do caminho, para fugirmos da sombra dolorosa!... Estende-nos tuas mãos e fala-nos ainda do teu Amor... Temos sede imensa daquela água eterna da vida, que figuraste no ensinamento à Samaritana...
"Exército de operários do teu Evangelho, nós nos movemos sob as tuas determinações suaves e sacrossantas! Ampara-nos, Senhor, e não nos retires dos ombros a cruz luminosa e redentora, mas ajuda-nos a sentir, nos trabalhos de cada dia, a luz eterna e imensa do teu Reino de paz, de concórdia e de sabedoria, em nossa estrada de luta, de solidariedade e de esperança!..."
Na mesma página, imagens da Roma Antiga e de Pompéia, antes e pós Vesúvio.
Memórias de Emmanuel
7. A SEGURANÇA DO TRABALHO
SOLIDÃO APARENTE - Em meados de 1932, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga” estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico.
Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.
Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar.
O grupo ficou limitado a três companheiros.
D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.
José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.
Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.
Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.
Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no Centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:
- Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço.
- Continuar como? Não temos freqüentadores...
- E nós? - disse o espírito amigo. - Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.
Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.
Em seguida, abria o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.
Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.
Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.
Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.
Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho...
E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.
A SEGURANÇA DO TRABALHO - Atendendo a instruções de Emmanuel, Chico iniciava os trabalhos no “Centro Espírita Luiz Gonzaga” às oito da noite, encerrando-os às dez horas, enquanto freqüentou sozinho a instituição.
Fazia a prece de abertura, orava e, depois, lia páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, comentando-as, em voz alta, para os desencarnados.
Pessoas da família indagavam sobre aquela resolução de “falar sozinho”, entretanto, o Médium explicava:
- Há muitos espíritos freqüentando a casa. Chegam desconsolados e tristes e Emmanuel afirma que a obra de evangelização é necessária a todos nós. Não podemos parar...
Certa noite, uma senhora desencarnada em Pedro Leopoldo conversava com o Chico no salão do Centro, em que ele se achava aparentemente sozinho e o diálogo seguia, curioso:
- Tenhamos fé em Jesus, minha irmã.
- Não desespere. Com a paciência alcançaremos a paz.
- Sem calma, tudo piora.
- Com o tempo, a senhora, verá que tudo está certo como está.
A conversação prosseguia assim, quando uma das irmãs do Médium, escutando-lhe a palavra, debruçada em janela próxima, perguntou-lhe em voz alta:
- Chico, quem está conversando com você?
- Dona Chiquinha de Paula.
- Que história é esta? Dona Chiquinha já morreu...
- Ah! você é que pensa... Ela está bem viva.
A irmã do rapaz, alvoroçada, comunicou aos familiares o que ocorria.
Chico devia estar maluco.
Era preciso medicá-lo, socorrê-lo.
Outras irmãs do Médium, porém, apressaram-se a observar que ele trabalhava, corretamente, todos os dias.
Seria justo dar por louco um irmão que era amigo e útil?
Ficou então estabelecido em família que, enquanto o Chico estivesse firme no serviço, ninguém cogitaria de considerá-lo um alienado mental.
Desse modo, o Chico Xavier costumava dizer que o trabalho de cada dia, com a bênção de Deus, era para ele a melhor segurança. (Lindos Casos de Chico Xavier, 29 - 30, Ramiro Gama, edição LAKE)
Manaoel da Nóbrega
Memórias de Emmanuel
O Fenômeno e Doutrina - Até hoje, os fenômenos mediúnicos que se desdobraram à margem do apostolado do Cristo se definem como sendo um conjunto de teses discutíveis, mas os ensinamentos e atitudes do Mestre constituem o maciço de luz inatacável do Evangelho, amparando os homens e orientando-lhes o caminho.
Existe quem recorra à idéia da fraude piedosa para justificar a transformação da água em vinho, nas bodas de Caná.
Ninguém vacila, porém, quanto à grandeza moral de Jesus, ao traçar os mais avançados conceitos de amor ao próximo, ajustando teoria e prática, com absoluto esquecimento de si mesmo em benefício dos outros, num meio em que o espírito de conquista legitimava os piores desvarios da multidão.
Invoca-se a psicoterapia para basear a cura do cego Bartimeu.
Há, todavia, consenso unânime, em todos os lugares, com respeito à visão superior do Mensageiro Divino, que dignificou a solidariedade como ninguém, proclamando que “o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se fizer o servidor de todos na Terra”, num tempo em que o egoísmo categorizava o trabalho à conta de extrema degradação.
Fala-se em hipnose para explicar a multiplicação dos pães.
O mundo, no entanto, a uma voz, admira a coragem do Eterno Amigo que se consagrou aos sofredores e aos infelizes sem qualquer preocupação de posse terrestre, conquanto pudesse escalar os pináculos econômicos, numa época em que, de modo geral, até mesmo os expositores de virtude viviam de bajular as personalidades influentes e poderosas do dia.
Questiona-se em torno do reavivamento de Lázaro.
Entretanto, não há quem negue respeito incondicional ao Benfeitor Sublime que revelou suficiente desassombro para mostrar que o perdão é alavanca de renovação e vida, num quadro social em que o ódio coroado interpretava a humildade por baixeza.
Debate-se, até agora, o problema da ressurreição dele próprio.
No entanto, o mundo inteiro reverencia o Enviado de Deus, cuja figura renasce, dia a dia, das cinzas do tempo, indicando a bondade e a concórdia, a tolerância e a abnegação por mapas da felicidade real, no centro de cooperadores que se multiplicam, em todas as nações, com a passagem dos séculos.
Recordemos semelhantes lições na Doutrina Espírita.
Fenômenos mediúnicos serão sempre motivos de experimentação e de estudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a polêmica, mas educação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude, são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida em qualquer parte. (Mediunidade e Sintonia, 2, FCXavier)
A Faculdade de Curar - A faculdade de curar, para manter-se íntegra, não deve permanecer precavida tão-somente contra o pagamento em dinheiro amoedado.
Há outras gratificações negativas a que lhe cabe renunciar, a fim de que não seja corroída por paixões arrazoadas que começam nos primeiros sinais de personalismo excessivo.
Imprescindível saber olvidar o vinho venenoso da bajulação, a propaganda jactanciosa, o perigoso elixir da lisonja e a aprovação alheia como paga espiritual.
Quem se proponha a auxiliar aos enfermos, há que saber respirar no convívio da humildade sincera, equilibrando-se, cada instante, na determinação de servir.
Para curar é preciso trazer o coração por vaso transbordante de amor e quem realmente ama não encontra ensejo de reclamar.
Compreendendo as nossas responsabilidades com o Divino Médico, se queres efetivamente curar, cala-te, aprende, trabalha honrando a posição de servidor de todos a que Jesus te conduziu.
Auxilia aos ricos e aos pobres, como quem sabe que fartura excessiva ou carência asfixiante são igualmente enfermidades que nos compete socorrer.
Ampara aos amigos e aos adversários, aos alegres e aos tristes, aos melhores e aos menos bons, como quem compreende na Terra a valiosa oficina de reajuste e elevação.
Reconheçamos que toda honra pertence ao Senhor, de quem não passamos de apagados e imperfeitos servidores.
Não te afastes da dependência do Eterno Benfeitor e, movimentando os próprios recursos, a beneficio dos que te cercam, guardemos a certeza de que, curando, seremos curados por nossa vez, soerguendo-nos, enfim, para a vitória real do espírito, em cuja luz os monstros da penúria e da vaidade, da ignorância e do orgulho não mais nos conseguirão alcançar. (Mediunidade e Sintonia, 18, FCXavier)
Fatalidade e Livre-Arbítrio - Antes do regresso à experiência no Plano Físico, nossa alma em prece roga ao Senhor a concessão da luta para o trabalho de nosso próprio reajustamento.
Solicitamos a reaproximação de antigos desafetos.
Imploramos o retorno ao círculo de obstáculos que nos presenciou a derrota em romagens mal vividas...
Suplicamos a presença de verdugos com quem cultiváramos o ódio, para tentar a cultura santificante do amor...
Pedimos seja levado de novo aos nossos lábios o cálice das provas em que fracassamos, esperando exercitar a fé e a resignação, a paciência e o valor...
E com a intercessão de variados amigos que se transformam em confiantes avalistas de nossas promessas, obtemos a bênção da volta.
Efetivamente em tais circunstâncias, o esquema de ação surge traçado.
Somos herdeiros do nosso pretérito e, nessa condição, arquitetamos nossos próprios destinos.
Entretanto, imanizados temporariamente ao veículo terrestre, acariciamos nossas antigas tendências de fuga ao dever nobilitante.
Instintivamente, tornamos, despreocupados, à caça de vantagens físicas, de caprichos perniciosos, de mentiroso domínio e de nefasto prazer.
O egoísmo e a vaidade costumam retomar o leme de nosso destino e abominamos o sofrimento e o trabalho, quais se nos fossem duros algozes, quando somente com o auxílio deles conseguimos soerguer o coração para a vitória espiritual a que somos endereçados.
É, por isso, que fatalidade e livre-arbítrio coexistem nos mínimos ângulos de nossa jornada planetária.
Geramos causas de dor ou alegria, de saúde ou enfermidade em variados momentos de nossa vida.
O mapa de regeneração volta conosco ao mundo, consoante as responsabilidades por nós mesmos assumidas no pretérito remoto e próximo; contudo, o modo pelo qual nos desvencilhamos dos efeitos de nossas próprias obras facilita ou dificulta a nossa marcha redentora na estrada que o mundo nos oferece.
Aceitemos os problemas e as inquietações que a Terra nos impõe agora, atendendo aos nossos próprios desejos, na planificação que ontem organizamos, fora do corpo denso, e tenhamos cautela com o modo de nossa movimentação no campo das próprias tarefas, porque, conforme as nossas diretrizes de hoje, na preparação do futuro, a vida nos oferecerá amanhã paz ou luta, felicidade ou provação, luz ou treva, bem ou mal. (Nascer e Renascer, 4, FCXavier)
Sofrimento e Eutanásia - Quando te encontres diante de alguém que a morte parece nimbar de sombra, recorda que a vida prossegue, além da grande renovação...
Não te creias autorizado a desferir o golpe supremo naqueles que a agonia emudece, a pretexto de consolação e de amor, porque, muita vez, por trás dos olhos baços e das mãos desfalecentes que parecem deitar o último adeus, apenas repontam avisos e advertências para que o erro seja sustado ou para que a senda se reajuste amanhã.
Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais dura, brilha o socorro da Infinita Bondade facilitando, a quem deve, a conquista da quitação. Por isso mesmo, nas próprias moléstias reconhecidamente obscuras para a diagnose terrestre, fulgem lições cujo termo é preciso esperar, a fim de que o homem lhes não perca a essência divina.
E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo o mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento em que a alma é chamada a acender a flama de evolução.
É por esse motivo que no mundo encontramos, a cada passo, trajes físicos em figurino moral diverso.
Corpos - santuários...
Corpos - oficinas...
Corpos - bênçãos...
Corpos - esconderijos...
Corpos - flagelos...
Corpos - ambulâncias...
Corpos - cárceres...
Corpos - expiações...
Em todos eles, contudo, palpita a concessão do Senhor, induzindo-nos ao pagamento de velhas dívidas que a Eterna Justiça ainda não apagou.
Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal da doença prolongada e difícil, administrando-lhe o veneno da morte suave, porquanto, provavelmente, conhecerás também mais tarde o proveitoso decúbito indispensável à grande meditação.
E usando bondade para os que atravessam semelhantes experiências, para que te não falte a bondade alheia no dia de tua experiência maior, lembra-te de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo para completar o tempo necessário à própria sublimação. (Reunião pública de 3/4/59, Questão nº 944, Religião dos Espíritos, FCXavier)
Reencarnação - Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição.
Suor na oficina é acesso à competência.
Esforço na escola é aquisição de cultura.
Porque alguém se consagre hoje à Medicina, não quer isso dizer que haja ontem semeado moléstias e sofrimentos.
Muitas vezes, o Espírito, para senhorear o domínio das ciências que tratam do corpo, voluntariamente lhes busca o trato difícil, no rumo de mais elevada ascensão.
Porque um homem se dedique presentemente às atividades da engenharia, não exprime semelhante escolha essa ou aquela dívida do passado na destruição dos recursos da Terra.
Em muitas ocasiões, o Espírito elege esse gênero de trabalho, tentando crescer no conhecimento das leis que regem o plano material, em marcha para mais altos postos na Vida Superior.
Entretanto, se o médico ou o engenheiro sofrem golpes mortais no exercício da profissão a que se devotam, decerto nela possuem serviço reparador que é preciso atender na pauta das corrigendas necessárias e justas.
Toda restauração exige dificuldades equivalentes. Todo valor evolutivo reclama serviço próprio.
Nada existe sem preço.
Por esse motivo, se as paixões gritam jungidas aos flagelos que lhes extinguem a sombra, as tarefas sublimes fulgem ligadas às renunciações que lhes acendem a luz.
À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério de expiação, porque, quase sempre, almas heróicas que suportam o fogo constante das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, a fim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança de Deus.
Recorda que, se fosses arrebatado ao Céu, não tolerarias o gozo estanque, sabendo que os teus filhos se agitam no torvelinho infernal. De imediato, solicitarias a descida aos tormentos da treva para ajudá-los na travessia da angústia...
Lembra-te disso e compreenderás, por fim, a grandeza do Cristo que, sem débito algum, condicionou-se às nossas deficiências, aceitando, para ajudar-nos, a cruz dos ladrões, para que todos consigamos, na glória de seu amor, soerguer-nos da morte no erro à bênção da Vida Eterna. (Reunião pública de 6/4/59
Questão nº 617, Religião dos Espíritos, FCXavier)
O Perispírito - Como será o tecido sutil da espiritual roupagem que o homem envergará, sem o corpo de carne, além da morte?
Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida.
Colado ao chão ou à folhagem, arrastando-se, pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os germes da próprias asas.
O perispírito é, ainda, corpo organizado que, representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste, além do sepulcro, demorando-se na região que lhe é própria, de conformidade com o seu peso específico.
Formado por substâncias químicas que transcendem a série estequiogenética conhecida até agora pela ciência terrena, é aparelhagem de matéria rarefeita, alterando-se, de acordo com o padrão vibratório do campo interno.
Organismo delicado, com extremo poder plástico, modifica-se sob o comando do pensamento. É necessário, porém, acentuar que o poder apenas existe onde prevaleçam a agilidade e a habilitação que só a experiência consegue conferir.
Nas mentes primitivas, ignorantes e ociosas, semelhante vestidura se caracteriza pela feição pastosa, verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço.
O progresso mental é o grande doador de renovação ao equipamento do espírito em qualquer plano de evolução.
Note-se, contudo, que não nos reportamos aqui no aperfeiçoamento interior.
O crescimento intelectual, com intensa capacidade de ação, pode pertencer a inteligências perversas.
Daí a razão de encontrarmos, em grande número, compactas falanges de entidades libertas dos laços fisiológicos, operando nos círculos da perturbação e da crueldade, com admiráveis recursos de modificação nos aspectos em que se exprimem.
Não possuem meios para a ascese imediata, mas dispõem de elementos para dominar no ambiente em que se equilibram.
Não adquiriram ainda, a verticalidade do Amor que se eleva aos santuários divinos, na conquista da própria sublimação, mas já se iniciaram na horizontalidade da Ciência com que influenciam aqueles que, de algum modo, ainda lhes partilham a posição espiritual.
Os "anjos caídos" não passam de grandes gênios intelectualizados com estreita capacidade de sentir.
Apaixonados, guardam a faculdade de alterar a expressão que lhes é própria, fascinando e vampirizando nos reinos inferiores da natureza.
Entretanto, nada foge à transformação e tudo se ajusta, dentro do Universo, para o geral aproveitamento da vida.
A ignorância dormente é acordada e aguilhoada pela ignorância desperta.
A bondade incipiente é estimulada pela bondade maior.
O perispírito, quanto à forma somática, obedece a leis de gravidade, no plano a que se afina.
Nossos impulsos, emoções, paixões e virtudes nele se expressam fielmente. Por isso mesmo, durante séculos e séculos nos demoraremos nas esferas da luta carnal ou nas regiões que lhes são fronteiriças, purificando a nossa indumentária e embelezando-a, a fim de preparar, segundo o ensinamento de Jesus, a nossa veste nupcial para o banquete do serviço divino. (Emmanuel - Roteiro - Francisco Cândido Xavier)
O Fenômeno Espírita- Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como facho aceso de sublime esperança. Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento que as mais rudimentares organizações humanas guardam no intercâmbio com os "mostos" suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual assinalam a marcha das tribos e das povoações do princípio.
No Egito, os assuntos à morte assumem especial importância para a civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o guardião das sombras e presidia à viagem das almas para o julgamento que lhes competia no Além.
Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da fé. Em todas as circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são consultados pelos descendentes, recebendo orações e promessas, flores e sacrifícios.
Na Índia encontram nos "rakchasas", Espíritos maléficos que residem nos sepulcros, os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam por "demônios" ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da intimidade doméstica, onde são interpretados como divindades menores. Para a antiga comunidade latina, as almas bem intencionadas, que haviam deixado, na Terra, os traços da sabedoria e da virtude era os "deuses lares", com recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas perversas eram conhecidos habitualmente por "larvas", cuja aproximação causava dissabores e enfermidades.
Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações recuadas substituídos por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos guerreiros e sobre a coroa dos príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a vinda do Cristo, a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita comparece por vívido clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as supremas realizações do esforço coletivo.
Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na Terra adquire novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam, sonham e morrem para doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena vitória sobre a morte, mas a política do Império Romano reduz, por dezesseis séculos consecutivos, o movimento libertador.
Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em seguida às sombras da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo - doutrina do Cristo...
Espiritismo - doutrina dos Espíritos...
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana, constituída por mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências incorreríamos talvez no perigo de comprometermos o progresso do mundo, isolados em nossos pontos de vista e em nossas concepções deficitárias, mas, regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a perfeição espiritual, a fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas educativas da carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência: - "vós sois deuses"... (Emmanuel - Roteiro - Francisco Cândido Xavier)
Sintonia - As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e os encarnados, repousam na mente, não obstante a possibilidade de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos de comunhão de espírito a espírito.
Daí procede a necessidade de renovação idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos conservar o contato com os Espíritos da Grande Luz.
Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra inicialmente burilada.Tanto quanto a do animal, pode demora-se, por muitos séculos, na ociosidade ou na sombra, sob a crosta dificilmente permeável de hábitos nocivos ou de impulsos degradantes, mas se a expomos ao sol da experiência, aceitando os atritos, as lições, os dilaceramentos e as dificuldades do caminho, por golpes abençoados do buril da vida, esforçando-nos por aperfeiçoar o conhecimento e melhorar o coração, tanto quanto a pedra burilada reflete a luz, certamente nos habilitamos a receber a influência dos grandes gênios da Sabedoria e do Amor, gloriosos expoentes da imortalidade vitoriosa, convertendo-nos em valiosos instrumentos da obra assistencial do Céu, em favor do reerguimento de nossos irmãos menos favorecidos e para a elevação de nós mesmos para as regiões mais altas.
A fim de atingirmos tão altos objetivo, é indispensável traçar um roteiro para a nossa organização mental, no Infinito Bem, e segui-lo sem recuar
Precisamos compreender - repetimos, que os nossos pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos de conformidade com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com as quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia.
Nos mais simples quadros da natureza, vamos manifestado o princípio da correspondência.
Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão um foco infeccioso que tende a crescer incorporando elementos corruptores.
Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e bem cuidada, à luz do dia, e refletirá infinitas cintilações do Sol.
Andorinhas seguem a beleza da primavera.
Corujas acompanham as trevas da noite.
O mato inculto asila serpentes.
A terra cultivada produz o bom grão.
Na mediunidade, essas leis se expressam ativas.
Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes desordenadas do desequilíbrio, enquanto que a boa-vontade e a boa intenção, acumulam os valores do bem.
Ninguém está só.
Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade.
Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros da Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico, "teremos o nosso tesouro onde colocarmos o nosso coração." (EMMANUEL - Do livro "ROTEIRO", caps. 06, 24 e 28, edição FEB <http://www.febnet.org.br/>)
Midi "Soul Song" utilizado com a permissão de
BRUCE DEBOER <http://www.brucedeboer.net/>
Prefácio "ANTE OS TEMPOS NOVOS"
Emmanuel
RESUMO DO LIVRO
ALEXANDRE - Desejando aprimorar-se quanto à mediunidade, recebe André Luiz o convite do bondoso mentor Alexandre para acompanhá-lo ao seu núcleo, em momento oportuno.
Alimentando indisfarçável curiosidade, e surgida a oportunidade, André vale-se da prestigiosa influência para ingressar no espaçoso e velho salão, onde Alexandre desempenha atribuições na chefia.
O PSICÓGRAFO - Conta André: "Entrei cauteloso, sem despertar atenção na assembléia que ouvia, emocionadamente, a palavra generosa e edificante do operoso instrutor da casa.
Grande número de cooperadores velavam, atentos. E, enquanto o devotado mentor falava com o coração nas palavras, os dezoito companheiros encarnados demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento, elevado a objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a vibração particular. Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e na cor. Esses raios confundiam-se à distância aproximada de sessenta centímetros dos corpos físicos e estabeleciam uma corrente de força, bastante diversa das energias de nossa esfera. Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em certo ponto, despejava elementos vitais, à maneira de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros humanos que aí se reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados ainda às sensações fisiológicas.
Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às reservas infinitas de possibilidades além da matéria mais grosseira."
Solicitado por Alexandre junto aos serviços mediúnicos, André fica inteirado da complexidade de uma comunicação. O mentor designa um grupo de seis entidades, candidatas ao intercâmbio, porém salienta que apenas um médium, em condições perfeitas, se encontra presente à reunião.
Objeta André Luiz: "Julguei que o médium fosse a máquina, acima de tudo."
"A máquina também gasta - observa o instrutor - e estamos diante de maquinismo demasiadamente delicado."
A EPÍFISE - Conta André: Enquanto o nosso companheiro se aproveitava da organização mediúnica, vali-me das forças magnéticas que o Instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium. Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber.
Examinei atentamente os demais encarnados. Em todos eles, a glândula apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no intermediário em serviço.
Sobre o núcleo, semelhante agora a flor resplandecente, caíam luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo vibrações delicadíssimas, imperceptíveis para mim.
Estudara a função da epífise nos meus apagados serviços de médico terrestre. Segundo os orientadores clássicos, circunscreviam-se suas atribuições ao controle sexual no período infantil. Não passava de velador dos instintos, até que as rodas da experiência sexual pudessem deslizar com regularidade, pelo s caminhos da vida humana. Depois, decrescia em força, relaxava-se, quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no campo da energia plena.
Alexandre o esclarece: - "Não se trata de órgão morto, segundo velhas suposições. É a glândula da vida mental. Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre... Enquanto no período do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto há que retificar observações.
"Aos catorze anos, aproximadamente, de posição estacionária, quanto às suas atribuições essenciais, recomeça a funcionar no homem reencarnado. O que representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos."
DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - André Luiz, levado por Alexandre, pode observar algumas demonstrações de desenvolvimento mediúnico.
Pode assim observar alguns candidatos e suas particularidades: um, apresentava, não obstante o desejo sincero de desenvolver-se para auxiliar, sinais iniludíveis da ingestão de alcoólicos; outra senhora, candidata a psicógrafa, trazia o ventre deformado tão repleto de alimentos, que André Luiz supôs enxergar ali um vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheirando a vinagre de condimentação ativa; e em outro, finalmente, "bacilos psíquicos de tortura sexual...
"Fiquei estupefato." escreve ele. "As glândulas geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade... As mais vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida orgânica... Que significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Seriam expressões mal conhecidas da sífilis?"
Respondendo às suas indagações íntimas, Alexandre esclarece: "Não, André, não temos sob os nossos olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores... Tem sido cultivados por esse companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas, senão também pelo contato com entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem a ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si... O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação espiritual..."
VAMPIRISMO - Explica Alexandre: "Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma dos mortos que se retira do sepulcro, altas horas, para alimentar-se do sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição, mas. No fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que, entre nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens."
INFLUENCIAÇÃO - Saindo da reunião de desenvolvimento, André Luiz e Alexandre seguem alguns candidatos a caminho de casa, notadamente o jovem rapaz torturado sexualmente, e qual se ligam duas entidades profundamente inferiores, sua irmã, jovem madura e equilibrada, e sua mãe, egoisticamente vampirizada pelo marido desencarnado. Assim, conhece de perto a triste influenciação espiritual de que são vítimas, mãe e filho, e da capacidade de recepção de idéias superiores por parte da jovem, por manter-se ela em padrão vibratório elevado. Alexandre a utiliza para esclarecer os dois obsidiados, mas eles, desprezando a pouca idade e a inexperiência da jovem, ignoram seus conselhos.
A ORAÇÃO - Neste capítulo, tem André Luiz a feliz oportunidade de compreender melhor os benefícios da oração. O lar do jovem torturado, não obstante as infelizes e pertinazes companhias, permanece fluidicamente protegido, em virtude de sua esposa cultivar o hábito da oração e da vida reta. Amiga de Alexandre, a esposa Cecília vai ao seu encontro, mais tarde, em espírito, e lhe pede auxílio no amparo ao infeliz e desviado companheiro.
SOCORRO ESPIRITUAL - Mais tarde, Alexandre e André são abordados por velha amiga do Instrutor, Justina, que lhe implora auxílio para seu filho Antônio, prestes a desencarnar. Antonio precisa de mais alguns meses na carne, alega, e Alexandre dispõe-se a ajudá-la. Seguem para a residência de Antônio e Alexandre o encontra a beira de mortal apoplexia. Necessita do auxílio de um magnetizador encarnado e para isso solicita o auxílio do irmão Francisco, diretor de um grupo socorrista. Este, ciente da necessidade do momento, traz Afonso, em espírito e, com Alexandre funcionando como verdadeiro magnetizador, transfere para o moribundo os vigorosos fluidos do encarnado.
NO PLANO DOS SONHOS - Conta André: "Após alguns minutos de conversação encantadora, o irmão Francisco acercou-se do orientador, indagando sobre os objetivos da reunião da noite. Segundo informações anteriores, Alexandre dirigiria, naquela noite, pequena assembléia de estudiosos.
Quase ao início da preleção, Alexandre é cientificado da ausência de dois companheiros, Vieira e Marcondes, e solícito, manda averiguar o que houve. Destaca Sertório, para tanto, enviando André em sua companhia.
Chegando à casa de Vieira, encontram-no apavorado, quase desencarnando de medo frente ao "fantasma" de antigo companheiro, cuja presença evocara no jantar, lembrando-lhe as más qualidades, levianamente. Sertório vem em seu socorro, acordando-o, bruscamente.
Marcondes encontra-se em pior situação: entidades femininas da pior espécie, mantêm-no retido no quarto e irritam-se com Sertório, quando este chega para saber do companheiro o que impediu seu comparecimento a palestra da noite. Marcondes desculpa-se, choroso, humilhado e Sertório o deixa ali, à mercê das entidades infelizes, sem despertá-lo, para, na manhã seguinte, a lembrança desagradável mostrar-se mais duradoura, fortificando-lhe a repugnância pelo mal.
MEDIUNIDADE E FENÔMENO - André Luiz calcula em aproximadamente pouco mais de cem encarnados, comparecendo ali pelo desdobramento do sono, constatando, porém que o número de desencarnados mostrava mais vasta expressão. Além do grupo do irmão Francisco, que trouxera os tutelados, outras associações da mesma natureza compareciam com os seus pupilos, interessados em novas instruções.
O tema escolhido para a noite: mediunidade e fenômeno.
E Alexandre exorta: "Não provoqueis o desenvolvimento prematuro de vossas faculdades psíquicas! Ver sem compreender ou ouvir sem discernir pode ocasionar desastres vultosos ao coração. Buscai, acima de tudo, progredir em virtude e aprimorar sentimentos. Acentuai o próprio equilíbrio e o Senhor vos abrirá a porta dos novos conhecimentos!"
MATERIALIZAÇÃO - Em companhia de Alexandre, André Luiz tem a oportunidade de examinar de perto o fenômeno da materialização, fato que lhe desperta imensa curiosidade. Observa os extremos cuidados com o ambiente, com os assistentes e com a médium, esquema este muito minucioso, envolvendo grande equipe de trabalhadores espirituais. Mas da parte dos encarnados, nota André que o fato não é levado muito à sério: os seus pensamentos, ansiosos por soluções particulares, desequilibram o ambiente, e um assistente, envolvido em emanações alcoólicas, precisa ser isolado especialmente, para não prejudicar a tarefa em curso.
INTERCESSÃO - Narra André: "Certa noite, finda a dissertação que Alexandre consagrava aos companheiros, meu orientador foi procurado por duas senhoras, que foram conduzidas, em condições especialíssimas, àquele curso adiantado de esclarecimentos, porquanto eram criaturas que ainda se encontravam presas ao veículos de carne e que procuravam o instrutor, temporariamente desligadas do corpo, por influência do sono. Eram Etelvina e Ester. A primeira, conhecida de Alexandre, pedia os obséquios do Instrutor para sua prima Ester, para solucionar a estranha morte de seu esposo, em plena via pública.
Alexandre se dispõe a auxiliá-las. É cientificado por um humilde visitador desencarnado, de que Raul, o esposo, havia cometido o suicídio. Em companhia de André Luiz, localiza o recém-desencarnado, semi-inconsciente, junto à uma temível horda de vampiros, nas imediações de um frigorífico. O Benfeitor consegue subtraí-lo das mãos dos infelizes e carrega Raul consigo, visando seu despertamento para a nova realidade espiritual.
PREPARAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS - Após desencumbir-se da tarefa intercessória, Alexandre foi procurado por Herculano, companheiro de elevada expressão hierárquica, no sentido de auxiliá-lo, e à sua equipe, no processo reencarnatório de Segismundo, antigo e querido amigo de ambos.
Segismundo, que deveria reencarnar no lar de Raquel e Adelino, para resgatar pesados débitos com o casal, encontrava-se terrivelmente abatido e temeroso, pela reação hostil do futuro pai, que não lhe permitia a aproximação. Alexandre esclarece: "O caso é típico. O drama de Segismundo é demasiadamente complexo para ser comentando em poucas palavras. Basta, todavia, recordar que ele, Adelino e Raquel são os protagonistas culminantes de dolorosa tragédia, ocorrida ao tempo de minha última peregrinação pela Crosta. Em seguida a uma paixão desvairada, Adelino foi vítima de suicídio; Segismundo, do crime; e Raquel, do prostíbulo."
Desejando acompanhar o amoroso Benfeitor, André Luiz é instruído a se preparar, previamente, acerca do processo reencarnacionista. Em "Nosso Lar", conduzido por Alexandre, André conhece o Centro de Planejamento de Reencarnações.
REENCARNAÇÃO - André Luiz: "Senti-me ditoso e emocionado quando Alexandre me convidou a visitar, em companhia dele, o ambiente doméstico de Adelino e Raquel, onde se verificaria a reencarnação de Segismundo."
Vencidas dificuldades de aproximação entre pai e filho, os Espíritos Construtores dão início ao fascinante processo reencarnacionista de Segismundo.
Conta André: "Meu amável instrutor, muito satisfeito com a nova situação, passou a examinar os mapas cromossômicos, com a assistência dos construtores presentes. Em vão procurava compreender aqueles caracteres singulares, semelhantes a pequenos arabescos, francamente indecifráveis ao meu olhar."
Alexandre vem em seu socorro: "Este não é um estudo que você possa compreender, por enquanto. Estou examinando a geografia dos genes nas estrias cromossômicas, a fim de certificar-me até que ponto poderemos colaborar em favor de nosso amigo Segismundo, com recursos magnéticos para a organização das propriedades hereditárias."
PROTEÇÃO - No dia imediato à ligação de Segismundo ao novo corpo físico, André Luiz retornou ao lar de Raquel e Adelino, não encontrado, porém, a jovem mulher bem disposta como na véspera. Apuleio, o diretor da equipe de construtores esclareceu: "Nossa irmã Raquel começa a sentir o esforço de adaptação. Por enquanto, e, durante alguns dias, permanecerá indisposta; todavia, a ocorrência é passageira."
André observa que, embora mantivesse ela o corpo em posição de repouso, mostrava-se superexcitada, inquieta. "Não conseguirá dormir?" - pergunta. "Mais tarde - responde Apuleio; por agora, terá o sono reduzido, até que se formem os folhetos blastodérmicos. É o serviço inicial do feto e não podemos dispensar-lhe a cooperação ativa."
André Luiz tem a feliz oportunidade de acompanhar a gestação de Raquel, e conta: "O desenvolvimento da futura forma de Segismundo compelia Raquel a verdadeiros sacrifícios orgânicos; contudo, em cada noite, pela madrugada, repetiam-se as excursões espirituais que ela e o filho recebiam dos afetos de nosso plano. O trabalho de Herculano mereceu a cooperação de inúmeros amigos. Rara a noite em que não vinham Espíritos, agradecidos a Segismundo, velar pela harmonia de sua nova reencarnação, prestando à casa, aos pais e a ele os mais variados auxílios."
FRACASSO - Verificando o aproveitamento de André no caso Segismundo, Alexandre, sempre gentil, e procurando propiciar ao pupilo novos esclarecimentos, busca saber de Apuleio de algum caso de reencarnação junto a companheiros outros, distantes da responsabilidade moral observados no lar de Raquel e Adelino. E Apuleio lembra o caso Volpini.
"Volpini -, diz - atingiu agora o sétimo mês de gestação da nova forma física, mas a noite próxima será decisiva para ele. Já recebi um apelo dos colaboradores que ficaram nas imediações do caso, no sentido de evitar certas extravagâncias da futura mãe, projetadas para hoje; entretanto, não creio sejamos por ela obedecidos. A organização fetal não se encontra em condições de suportar novos desequilíbrios, e, se a pobrezinha não despertar para o dever, abrirá, ainda hoje, uma terceira falência. Se André puder vir conosco, dar-nos-á muito prazer.
André Luiz acompanha a imensa luta por preservar o vida de Volpini, porém a mãe, embriagada pelos prazeres fúteis, disposta a gozar a vida a qualquer preço, sai novamente, para mais uma noitada exótica.
Então Volpini espírito é retirado da organização fetal e Cesarina, no dia seguinte, é internada às pressas, em gravíssimas condições. Fortemente impressionado, André fica sabendo que a infeliz acabara de dar à luz uma criança morta.
INCORPORAÇÃO - André Luiz: "Prosseguindo em meus estudos sobre os fenômenos mediúnicos de variada expressão, sempre que meus serviços habituais mo permitiam, regressava à Crosta, aprendendo e cooperando no grupo em que Alexandre funcionava na qualidade de orientador."
Assim, ele tem a oportunidade de apreciar, de perto, um caso de incorporação mediúnica. Dionísio, antigo membro do grupo, já desencarnada, tem sua visita solicitada, com insistência, pelos companheiros ainda encarnados. Alexandre alerta para as dificuldades que poderão advir do intento. A médium destacada para a tarefa é Otávia, cuja autenticidade mediúnica, em outros tempos, fora posta em dúvida pelo próprio Dionísio.
Acertados todos os detalhes, Dionísio é conduzido para a residência de Otávia, poucas horas antes da reunião. André Luiz, surpreso, conta que a médium se encontrava em delicado estado emocional, devido às agressões de seu marido Leonardo, homem violento e obsidiado. Restauradas suas forças, e perfeitamente sintonizada com o comunicante da noite, a reunião é levada a efeito, com Dionísio expressando-se emocionadamente através de Otávia.
Mas, para decepção geral, amigos e parentes do desencarnado duvidam da manifestação mediúnica, insinuando tratar-se de mistificação.
DOUTRINAÇÃO - Terminavam os trabalhos de uma das reuniões comuns de estudos evangélicos, quando uma entidade muito simpática acercou-se de Alexandre e André Luiz: era mãe afetuosa, em busca do auxílio do abnegado Instrutor, visando uma nova doutrinação para Marinho, seu filho, e que fora padre na Crosta. A pobre mulher declara-se cansada, em profunda exaustão espiritual e Alexandre, penalizado, dispõe-se a auxiliá-la.
Alexandre destaca Necésio, habilidoso trabalhador desencarnado, e experiente na tarefa de estabelecer contatos preliminares com entidades revoltadas. Marinho, triste habitante de ruínas sombrias, com outros companheiros de batina, deixa-se envolver pela simpatia e pelos argumentos de Necésio. Conduzido à uma Casa de doutrinação, revolta-se e tenta retroceder, mas os benfeitores organizam elementos para a materialização de sua mãe, quedando-se Marinho, afinal, em lágrimas ardentes de arrependimento e desejo de renovação.
OBSESSÃO - André: "A conselho de orientadores experimentados, o agrupamento a que Alexandre prestava preciosa colaboração, reunia-se, em noites previamente determinadas, para atender aos casos de obsessão. Era necessário reduzir, tanto quanto possível, a heterogeneidade vibratória do ambiente, o que compelia a direção da casa a limitar o número de encarnados nos serviços de benefício espiritual."
"Todo obsidiado é um médium, na acepção legítima do termo?" - pergunta André, e Alexandre esclarece: "Médiuns, meu amigo, inclusive nós outros, os desencarnados, todos o somos, em vista de serviços intermediários do bem que procede de mais alto, ou portadores do mal, colhido nas zonas inferiores, quando caímos em desequilíbrio. O obsidiado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano. Por isso mesmo, constitui, em todas as circunstâncias, um caso especial, exigindo muita atenção, prudência e carinho."
Na reunião, presentes os obsidiados, em número de cinco: dois deles, uma senhora relativamente jovem e um cavalheiro maduro, demonstravam enorme agitação, dois outros, ambos moços e irmãos pelo sangue, pareciam completamente imbecilizados, e, por fim, uma jovem que se controlava com esforço, ante o assédio de que era vítima.
Do grupo, ressalta Alexandre que apenas a jovem obterá algum benefício da reunião, por estar ela procurando a restauração das forças psíquicas, por si mesma. "Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não obstante terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano projetam em seu círculo pessoal." - esclarece o Instrutor.
PASSES - Em companhia de Alexandre, André tem igualmente a oportunidade de assistir ao trabalho de passes. Observando os trabalhadores espirituais, envoltos em túnicas muito alvas, como enfermeiros vigilantes, André indaga de Alexandre se aqueles trabalhadores apresentam requisitos especiais. O Instrutor esclarece: "Sim, na execução da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa vontade, como acontece em outros setores de nossa atuação. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço, se não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. O missionário do auxílio magnético, na Crosta, ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino. Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso plano, constituem exig6encias a que não se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de ação ao servidor humano. Ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis."
Apresentado a Anacleto, diretor dos trabalhos de passe, André pode analisar de perto o caso de uma senhora que havia discutido violentamente com o esposo, encobrindo, dessa forma, o coração e a válvula mitral com tenuíssima nuvem negra fulminatória, suscetível de ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Observa também um homem, portador de temperamento muito vivo, e que na busca do domínio próprio, devido a conflitos recentes, produziu pensamentos terríveis e destruidores, que segregaram matéria venenosa, imediatamente, para o seu ponto orgânico mais fraco, o fígado. Além, acompanha o atendimento à jovem mulher grávida, pobre e desnutrida, à qual são fornecidos elementos nutritivos, para ampará-la e ao bebê. Finalmente, é levado a conhecer um caso de "décima vez": um cavalheiro, apresentando grave perturbações no baço, dado à discussões e provocações, e que já havia sido atendido nove vezes, anteriormente, com o socorro preciso ao desequilíbrio orgânico.
ADEUS - Narra André: "Esperava a continuidade de meus novos estudos, em companhia de Alexandre; todavia, com surpresa, o meu amigo Lísias foi portador de um convite que me destinara o caritativo instrutor. Tratava-se de uma reunião de despedidas."
Não consegue deixar de experimentar sentimentos passionais, frente à notícia. Lísias, no entanto, o portador da novidade, o adverte: "Nada de egoísmo, André! Sabemos que Alexandre se ausentará em serviço, mas ainda mesmo que sua excursão fosse muito longa e plenamente consagrada ao repouso recreativo, cabe a nós outros, seus devedores, a participação da alegria de seus elevados merecimentos."
André Luiz, reanimado pela palavra esclarecedora de Lísias, comparece, à noitinha, para a formosa reunião de despedidas. Com ele, os discípulos de Alexandre, sessenta e oito colegas, entre eles quinze mulheres. Após a palavra comovida de Alexandre, e o abraço carinhoso e individual, a sua prece encerra o encontro:
"Senhor, sejam para o teu coração misericordioso todas as nossas alegria, esperanças e aspirações!"
FIM