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Ser Zen
Se você não mudar a direção, terminará
exatamente
onde partiu.

(ANTIGO PROVÉRBIO CHINÊS )
Por Monja Cohen

Ser Zen não é ficar numa boa o tempo todo,
de papo para o ar, achando tudo lindo sem fazer nada.

Ser zen é ser ativo.

É estar forte e decidido.

E caminhar com leveza, mas com certeza.

É auxiliar a quem precisa, no que precisa e não no que se idealiza.

Ser zen é ser simples.

Da simplicidade dos santos e dos sábios.

Que não precisam de nada.

Nada mais que o necessário.

Para o encontro, a comida, a cama, a diversão, o trabalho.

Ser zen é fluir com o fluir da vida.

Sem drama, sem complicação.

Na hora de comer come comendo, sem ver televisão, sem falar desnecessário.

Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento
Sente a ternura (ou não) da mão que plantou e colheu, da terra que recebeu e alimentou, do sol que deu energia, da água que molhou, de todos os elementos que tornam possível um pequeno prato de comida à nossa frente.

Sente gratidão, não desperdiça.

Comer com alegria.

Para satisfazer a fome de todos os famintos.

Beber para satisfazer a sede de todos os sedentos.

Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.

A chuva, o sol, o vento, o guarda, o policial, o bandido, o açougueiro, o juiz, a feiticeira, o padre, a arrumadeira, o bancário e o banqueiro, o servente e o garçom, a médica e o doutor, o enfermeiro e o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.

Ser zen é ser livre e saber os seus limites.

Ser zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.

Ser zen é hospitalidade, é ternura, é acolhida.

Ser zen é o kyosaku - bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir, que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentindo a Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores, nossas alegrias.

Ser zen é morrer
Morrer para a dualidade, para o falso, a mentira, a iniqüidade.
Ser zen é renascer a cada instante.

Na flor, na semente, na barata, no bicho do livro na estante.

Ser zen é jamais esquecer de um gesto, de um olhar, de um carinho trocado no presente-futuro-­passado.

Ser zen é não carregar rancores, ódios, cismas nem terrores.

Ser zen é trocar pneu, as mãos sujas de graxa.

Ser zen é ser pedreiro, fazendo e refazendo casas.

Ser zen é ser simplesmente quem somos e nada mais.

É ser a respiração que respira em cada ação.

É fazer meditação, sentar-se para uma parede, olhar para si mesmo.

Encontrar suas várias faces, seus sorrisos, suas dores.

É entregar-se ao desconhecido aspecto do vazio.

Não ter medo do medo.

Não se fazer ou, se o fizer, assim o perceber e voltar.

Ser zen é voltar para o não-saber, pois não sabemos quase nada.

Não sabemos o começo, nem o meio, muito menos o fim. E tudo tem começo, meio e fim.

Ser zen é estar envolvido nos problemas da cidade, da rua, da comunidade.
É oferecer soluções, ter criatividade, sorrir dos erros, se desculpar e sempre procurar melhorar.

Ser zen é estar presente. 

Aqui, neste mesmo lugar. 

Respirando simplesmente, observando os pensamentos, memórias, aborrecimentos, alegrias e esperanças.

Quando?  Agora, neste instante.  É estar bem aqui onde quando se fala já se foi. 

Tempo girando, correndo, passando, e nós passando com ele.

Sem separação.
Ser zen é Ser Tempo.
Ser zen é Ser Existência.
Por Monja Cohen

Solange Christtine Ventura
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