“Távola Redonda do Rei Arthur"
No grande Átrio do Castelo Real de Winchester (antiga Inglaterra), está suspensa na parede a távola redonda do rei Arthur, com seis metros de diâmetro e o peso de uma tonelada. A távola redonda contém os nomes dos cavaleiros do rei. A peça central da corte de Artur fora a Távola Redonda que simbolizava a expansão do poder e da glória por todo o Mundo. Em termos reais era muito mais do que isso.
Tratava-se de uma força em prol da harmonia e da fraternidade. Era um antídoto contra a inveja, a ambição, a ânsia da supremacia e do poder - defeitos humanos que caracterizavam a mentalidade na Idade Média.
Alguns pesquisadores asseguram que a távola redonda fora um presente para o rei Arthur, construída por um carpinteiro da Cornualha e sua forma redonda teria um fim: evitar disputas pelos leais cavaleiros do rei.
Outro relato mais conhecido assegura que foi José de Arimatéia o primeiro guardião do Santo Graal que construiu a távola do Graal para comemorar a última ceia, com um assento sempre vago para representar o então traidor Judas Iscariote.
No entanto existem outros relatos que dizem: que o assento vago na távola redonda do rei Arthur pertencia a Jesus Cristo e só um cavaleiro capaz de recuperar o Santo Graal, teria o direito de ocupar este lugar vago.
Segundo alguns escritores a távola redonda foi construída por um carpinteiro, este era o pai de Guinevere. A távola foi presente do carpinteiro a Arthur em forma de dote quando este se casou com Guinevere, e foi Merlin quem escolheu os cavaleiros para que se sentassem a ela, e então, predisse a busca do Santo Graal.
A Távola Redonda também, segundo alguns pesquisadores representa o símbolo cósmico do todo, com o Graal em seu centro místico e os doze leais cavaleiros representando os signos do zodíaco.
Em 1976, a távola redonda foi alvo de uma extensiva investigação científica, até então a távola teria sido datada pelo carbono 14 como existente desde 1463 e provavelmente pintada pelo rei Henrique VIII em 1522.
Agora, com a tecnologia mais avançada, o método do radiocarbono (carbono 14), e o estudo da carpintaria prática mais especializada foi revelado que a távola redonda foi construída em 1270, no início do reinado do rei Edward. Sabe-se que o rei Edward tinha grande interesse pelas histórias arturianas e teria ido a Glastonbury junto com sua consorte Lady Eleanor para celebrarem a Páscoa e ir também na abadia, onde ordenou que abrissem o túmulo de Arthur.
A Távola Redonda sabe-se, que provavelmente fora usada em muitos torneios que o rei Edward gostava de realizar.
As lendas arturianas adaptavam-se bem aos ideais das cruzadas e da cavalaria que despontaram nos séc. XI, XII e XIII. Os cavaleiros de Artur serviam de modelo a todos os guerreiros como cruzados triunfantes em busca do Santo Graal, o cálice utilizado por Jesus Cristo na última ceia.
Mas a crença de que o rei não morreu e regressará com os seus cavaleiros, a fim de retomar a luta contra os males do mundo continua viva...
Templo das Estrelas de Glastonbury
O zodíaco de Glastonbury é um dos muitos reflexos do misterioso e visionário reino de Arthur, a sua localização exata e de seus domínios - na verdade, até sua existência - tem sido debatida por historiadores, arqueólogos e místicos. Idealista com seus bravos e em sua maioria leais cavaleiros, excalibur, sua rainha Guinevere, a linhagem sagrada e Avalon tornou-se profundamente arraigada na Bretanha, particularmente no sudoeste da Inglaterra. A memória coletiva do rei Arthur é tão imensa na Grã-Bretanha
, que podemos dizer que o sábio e bondoso rei guerreiro ainda permanece como o herói mais venerado da ilha.
No verão de 1929, na vila de Somerset, em Glastonbury, katherine Maltwood recebera uma verba para trabalhar em uma nova versão da tradução de “Le Hault Livre du Graal” (A Nobre História do Santo Graal), um texto arcaico que descreve a vida do rei Arthur e seus cavaleiros. O manuscrito original, em latim, teria sido escrito na abadia de Glastonbury, antigamente considerada como a igreja mais sagrada da Inglaterra e do túmulo de Arthur. O propósito de Maltwood, ao visitar Glastonbury, era buscar indícios dos locais onde as histórias arturianas ocorreram, e usar essas referências para traçar um mapa.
Vagando pelos campos e ruínas, em Glastonbury e imediações, Maltwood teve certeza de reconhecer muitos dos lugares descritos em A Nobre História do Santo Graal. Mas foi também invadida por uma idéia: aquela paisagem ocultava algo, uma espécie de padrão que ela não conseguia decifrar. Maltwood prosseguiu seu trabalho, atormentada pela sensação de que, naqueles campos, havia uma característica indefinível que a desconcertava.
E então, em uma noite cálida e enluarada, ela se deteve no alto de uma colina, junto da vila, olhando para o local no qual, segundo a história, estaria o castelo do rei Arthur, em Cadbury Hill, uns 18 quilômetros a leste. No campo abaixo dela, Katherine vislumbrou algo parecido com duas gigantes efígies formadas na paisagem: uma era a de um leão e a outra a de uma criatura sentada, de aparência humana. As silhuetas eram sugeridas pela combinação de colinas, aterros, estradas, antigas marcas de fronteiras e canais naturais ou construídos. Mais tarde ela descreveu o que vira para uma pessoa conhecida, que por acaso era astróloga, para quem talvez as figuras representassem os signos de Leão e Gêmeos.
Maltwood subitamente percebeu que havia descoberto um antigo segredo encerrado na paisagem de Glastonbury.
Imediatamente ela encomendou mapas e fotografias aéreas,
que lhe permitiram identificar um vasto círculo de imagens colossais, um anel de mais de 16 quilômetros de diâmetro, no qual ela visualizou exatamente os doze signos do zodíaco em ordem correta, de Áries a Peixes. Fora do círculo havia a décima terceira imagem, a de um imenso cão: Langport, o qual, segundo a cultura celta, vigia a entrada para Annwn, o secreto mundo das fadas.
Abadia de Glastonbury - antigamente, considerada a igreja mais sagrada da InglaterraMaltwood abdicou de sua carreira e dedicou o resto de sua vida ao estudo daquele zodíaco terrestre. Concluiu que o antigo povo de Somerset havia embelezado as formas e contornos daquela paisagem natural há cerca de 5 mil anos, para criar aquelas figuras zodiacais; e que, nos últimos séculos, os monges da abadia de Glastonbury haviam cuidadosa e secretamente preservado as marcas geográficas que davam forma àquelas gigantescas figuras.
Embora aparentemente ela não tenha chegado a saber disto, Katherine não foi a primeira pessoa a ver os gigantes celestiais estampados na paisagem de Somerset. Cerca de 350 anos antes dela, John Dee, um homem de muitos talentos que desempenhou papel importante nos campos da ciência, filosofia, matemática e alquimia, também fora arrebatado pelas incomuns marcas topográficas de Glastonbury; e também concluíra, tal como Katherine Maltwood mais tarde, que os doze signos do zodíaco haviam sido propositalmente estampados na paisagem por um povo antigo e sábio.
Durante um breve período, as opiniões de John Deen acerca das questões relacionadas às estrelas foram de considerável importância, pois ele funcionava como conselheiro astrológico da rainha Elizabeth I. “Assim, a astrologia e a astronomia são cuidadosamente unidas e medidas através de uma reconstrução científica dos céus, revelando-nos que os antigos compreendiam tudo que agora descobrimos ser verdade”.- escreveu Dee.
Contudo, para Maltwood, o zodíaco de Glastonbury assumia importância maior do que seu significado astrológico ou arqueológico. Acredita
ndo que a existência das figuras explicava muitas referências encontradas nas antigas histórias sobre o rei Arthur, ela escreveu: “Foi em torno desses gigantes naturais e arcaicos que se acumularam as histórias arturianas.”
Távola Redonda do Rei Arthur - Uma réplica que se encontra no Castelo de Winchester
Ela via o zodíaco como a Távola Redonda original: Arthur era Sagitário; Sir Lancelot, Leão; Guinevere, Virgem; e Merlin, Capricórnio.
Segundo alguns pesquisadores, a Távola Redonda (Round Table) representava um símbolo cósmico do todo, com o Graal em seu centro místico e os doze cavaleiros representando os sígnos do zodíaco.
Em 1935, Maltwood publicou sua descoberta do zodíaco de Glastonbury sob o título “Um Guia para o Templo das Estrelas de Glastonbury”, o que causou grande alvoroço na Inglaterra.
Algumas pessoas sentiram-se tão seduzidas pelo fato dos símbolos mágicos e sagrados gravados na terra que resolveram ajudá-la em suas investigações. Maltwood faleceu em 1961; seu trabalho ainda contava com grandes entusiastas.
A comprovação histórica de outras monarquias místicas, tais como o fabuloso reino africano de Ofir, de onde, segundo a Bíblia, o rei Salomão extraía seu ouro, e o reino poderoso e piedoso do imperador e sacerdote cristão Preste João, na Ásia, também intriga os pesquisadores. Mas as histórias sobre esses reinos perdidos, bem como as de Arthur e sua corte real, perduram até os dias de hoje.
De todos os reinos, nenhum cativou a imaginação do mundo ocidental como o de Arthur, com a dadivosa terra de Camelot. Arthur pode ter vencido gigantes cruéis, mas foram suas batalhas contra a opressão que fizeram as pessoas ansiarem pela volta de um monarca como ele. Se o céu for inatingível por enquanto, então Camelot ocupará seu lugar.
A Busca de Camelot
Antes de chegarmos à Camelot, vamos falar de Tintagel, onde tudo, ou quase tudo começou...Geoffrey de Monmouth identificou como local de nascimento de Arthur o castelo de Tintagel, na costa
escarpada da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra. Os céticos acusam: esse castelo foi construído no século XII, muito após o nascimento de Arthur.
Mas as escavações arqueológicas feitas nos cabos íngremes nas cercanias das ruínas do castelo revelaram resquícios de construções de pedra, talvez pertencentes a uma fortaleza de alguma poderosa família Celta. Fragmentos de cerâmica mediterrânea dos séculos V e VI encontrados nessas escavações datariam da época de Arthur, contribuindo assim para endossar a lógica de Geoffrey ao focalizar ali o nascimento de Arthur.
Duas formações rochosas perto do castelo de Tintagel receberam do povo da Cornualha os nomes de Trono de Arthur e Xícaras e Pires de Arthur.
A busca de Camelot, casa e quartel-general de Arthur e sua fraternidade, centralizou-se em Cadbury Hill, um forte da Idade do Ferro sobre um platô de 150 metros de altitude, perto da vila de Somerset (uns 18 quilômetros de distância de onde se localiza o Templo das Estrelas), em South Cadbury.
A colina nunca sediou um castelo nos moldes da Idade Média, porém suas antigas fundações revelam a existência de uma formidável cidadela diversas vezes usada como fortaleza ao longo dos séculos.
Em suas cercanias corre um pequeno rio, em cujas margens Arthur teria travado sua última batalha. Segundo uma teoria alternativa, a batalha de Camlan teria sido travada perto de Camelford, na Cornualha.
A associação de Cadbury Hill a Camelot remonta a John Leland, um antiquário do século XVI que passou grande parte da vida pesquisando histórias arturianas. Em 1542, após uma viagem a South Cadbury, Leland escreveu: “Bem na extremidade sul da igreja de South-Cadbyri (Cadbury) ergueu-se Camalat (Camelot), que um dia foi um castelo ou uma cidade de renome. (...) O povo nada sabe disso, mas ouviu falar que Arthur freqüentava muito Camalat (Camelot).”
Séculos mais tarde, os aldeões de South Cadbury deram ao topo da colina o nome de Palácio de Arthur. No final da década de 1960, os arqueólogos levaram quatro anos fazendo minuciosas escavações em determinadas áreas de Cadbury Hill, em busca de provas que vinculassem aquele ermo local ao grande rei Arthur, em um projeto que denominaram “A busca de Camelot”.
Descobriram que as quatro grandes cristas feitas pelo homem no alto da colina haviam sido reconstruídas diversas vezes, durante um período de 5 mil anos (exatamente o mesmo tempo em que foram feitas as figuras zodiacais, chamado Templo das Estrelas de Glastonbury).
No século I a fortaleza fora assaltada e capturada pelos romanos, sendo abandonada em seguida. Centenas de anos depois, no tempo de Arthur, os novos habitantes erigiram diversas construções na parte mais elevada da colina (O Palácio de Arthur), incluindo um portal em estilo romano e um grande átrio de madeira.Mas a estrutura mais sofisticada e surpreendente era um muro construído com madeira e pedra, medindo cerca de 5 metros de espessura e pouco mais de 1.200 metros de extensão. Tanto o projeto como a construção do muro seguiam padrões celtas, e não romanos, sugerindo que fora encomendado por um admirador da arte celta tradicional.
E como não se descobriu na Bretanha qualquer outra estrutura do mesmo porte e tipo, os arqueólogos acreditam que deve ter sido feita por ordem de um governante que dispunha de imensos recursos em trabalhadores e dinheiro.
Naturalmente, essa descrição condiz com a figura do rei Arthur. “A conclusão inevitável é que [Cadbury Hill] foi a fortaleza de um grande líder militar, um homem em posição única, com enormes responsabilidades e uma mentalidade especial.” - escreveram Leslie Alcock e Geoffrey Ashe, dois arqueólogos e historiadores envolvidos nas escavações da “Busca de Camelot”.
O que foi encontrado nas escavações, não poderiam chamar o proprietário pelo nome de Arthur, porém Alcock e Ashe afirmaram que a questão do nome “não passava de um detalhe”. O homem que governava Cadbury Hill (ou seja, Camelot ou Camalat) nessa espetacular refortificação do século VI, observaram, poderia, mais do que qualquer outro personagem daquela época, ser identificado com Arthur, “uma pessoa com grandeza suficiente”.
Menos de 18 quilômetros de distante de Cadbury Hill situa-se Glastonbury, um lugar sagrado impregnado de magia, que remonta à era pagã. Ali foi o antigo sítio da etérea ilha de Avalon, para a qual Arthur fora levado para que seus ferimentos fossem curados pela fada Morgada. Há muitos séculos ali encerrava-se em uma ilha, cercada por pântanos que depois foram drenados. Seu antigo nome celta Ynis Witrin, ou Ilha de Vidro.
Sem dúvida o rei Arthur, sua távola redonda, seus leais cavaleiros, também sua Avalon, suas sacerdotisas, fadas como queiram, enfim seu reino nos deixaram muitas coisas boas que preenchem nossa alma de alguma forma. Curioso, como tempos remotos nos atingem até os dias de hoje e continuarão atingindo com suas, nossas origens.
Um dia eu estava pesquisando sobre um determinado assunto, e me deparei com um site de escoteiros mirins, e fiquei emocionada da forma com que eles retratam a távola redonda de Arthur. Todos os dias eles se reúnem em volta de sua própria távola para discutirem sobre assuntos ligados ao escotismo, suas próximas missões, enfim uma solidariedade contagiante.
Onde todos são diferentes uns dos outros, ali na távola redonda eram todos iguais e com um mesmo objetivo. Fiquei tão emocionada, que enviei uma mensagem elogiando o belo trabalho. Acho que essas são as verdadeiras provas de que algum dia em tempos antigos, Arthur viveu, e continua vivendo em nossos corações.
A abadia de Glastonbury e o Túmulo de Arthur
Os primeiros registros oferecem apenas um perfil de Arthur. Aparentemente, Arthur teria nascido pelo final do século V. Escassos indícios sugerem alguns outros fatos que em geral vieram a ser aceitos pelos historiadores: a família de Arthur descenderia diretamente de uma linhagem aristocrática de origem celta, intimamente vinculada aos romanos.
O primeiro livro a esboçar uma visão grandiosa de Arthur foi Historia Regum Britanniae (História dos Reis da Bretanha), considerado por alguns historiadores como um dos principais manuscritos da Idade Média. Concluída em meados de 1136, a História foi escrita por Geoffrey de Monmouth, clérigo e professor em Oxford. Geoffrey afirmava ter utilizado como fonte “um certo livro muito antigo em idioma britânico”. O relato de Geoffrey é provavelmente o ponto culminante de seiscentos anos de narrativas transmitidas de geração em geração pelos contadores de histórias ingleses, irlandeses, galeses e franceses.
Segundo Geoffrey, Merlin o mais famoso mago de todos os tempos fez os arranjos para que Uther Pendragon encontrasse a duquesa da Cornualha Igraine, ela engravidou, tendo concebido Arthur.
Arthur teria se tornado rei aos 15 anos, brandindo uma espada chamada Caliburn (Excalibur nas versões posteriores), que segundo Marion Zimmer Bradley “seria a espada sagrada da Ilha de Avalon que fora concedida a Arthur sob juramento de defender Avalon e fazer com que reinasse a paz entre os mundos com igualdade de direitos.”
O rei Arthur de posse da espada, não só expulsou os saxões da Bretanha, mas também conquistou grande parte da Euro
pa. Conseguindo, nas palavras de Geoffrey, “devolver à Bretanha sua antiga dignidade” e estabelecer uma grande corte medieval. Mas por fim foi traído por Mordred, que conspirou com os saxões e declarou-se rei durante a ausência de Arthur. Após derrotar Mordred em diversas batalhas, Arthur foi mortalmente ferido e seus leais cavaleiros carregaram-no até a ilha de Avalon, onde foram recebidos pela fada Morgana. “Ela deitou o rei sobre um leito dourado em seus aposentos, descobriu o ferimento com suas nobres mãos e examinou-o longamente. Finalmente ela disse que só poderia curá-lo se ele permanecesse ali por um longo período e aceitasse seu tratamento”. Naturalmente, Arthur aceitou suas condições.
Assim, Geoffrey convalidou a crença tradicional segundo a qual Arthur não teria morrido em conseqüência dos ferimentos em batalha, mas continuaria vivendo na sagrada e misteriosa ilha de Avalon. Dali, segundo dizem, retornará um dia para ajudar o povo celta a reconquistar a soberania sobre sua terra.
Embora a tradição assegure que Arthur ainda vive, adormecido na ilha de Avalon (em Glastonbury onde antigamente era rodeada por pântanos e possivelmente existira a ilha), outra história descreve como ele pereceu devido aos ferimentos na batalha de Camlan, tendo sido sepultado em local desconhecido.
Em um antigo poema galês, A Canção dos Túmulos, afirma-se que Arthur é o único guerreiro célebre cujo local de sepultamento não é conhecido. “Trata-se de um mistério para o mundo, o túmulo de Arthur”, escreveu o poeta; e esse mistério permanece até hoje.
Acreditou-se que houvesse sido descoberto no final do século XII, quando o rei Henrique II relatou que, segundo lhe dissera um bardo galês itinerante, Arthur estava enterrado no cemitério da abadia de Glastonbury, mas não foram feitas tentativas para localizar o túmulo, até um incêndio destruir grande parte da abadia, inclusive a velha igreja de taipa, em 1184.
Durante a reconstrução da abadia, o abade ordenou uma busca para encontrar o túmulo de
Arthur. Ao serem feitas as escavações descobriu-se, a uma profundidade de 2 metros, uma lápide de pedra e, embaixo dela, uma cruz de chumbo que exibia a inscrição:
Hic iacet sepultus inclitus rex arturius in insula avalonia (“Aqui jaz enterrado o célebre rei Arthur na ilha de Avalon”). Cerca de meio metro abaixo encontrou-se um esquife, construído com uma tora oca. Dentro dele havia ossos de um homem alto, cujo crânio fora grotescamente fraturado, levando os pesquisadores a concluírem que ele fora assassinado com um golpe na cabeça. Havia também ossos menores e uma madeixa de cabelos dourados, que teriam se desintegrado ao toque. Os monges concluíram que esses outros restos mortais deveriam pertencer a Guinevere.
O suposto Túmulo de Arthur na abadia de GlastonburyOs ossos foram depositados em dois sepulcros cuidadosamente esculpidos e permaneceram ali entesourados na abadia por quase um século. Em 1278, na presença do rei Eduardo I, foram novamente desenterrados. “Lorde Eduardo (...) com sua consorte, Lady Eleanor, vieram a Glastonbury (...) para celebrar a Páscoa”, escreveu um certo Adam de Domerham, que assistiu o evento.
“Na terça-feira seguinte (...) ao entardecer, o senhor rei ordenou que abrissem o túmulo do rei Arthur. Dentro dele havia dois ataúdes pintados com suas figuras e brasões; foram encontrados separadamente os ossos do rei, os quais eram enormes, e os da rainha Guinevere, que conservam maravilhosa beleza”.
“No dia seguinte o rei recolocou os ossos do rei e da rainha, cada qual em seu esquife, após ordenar que os envolvessem em sedas preciosas. Quando foram selados os ataúdes, ordenou que fossem colocados diante de um majestoso altar, para que o povo os venerasse”.
Os ossos lá permaneceram até o ano de 1539, quando agentes do rei Henrique VIII invadiram a abadia, assassinaram o abade, saquearam os tesouros e abandonaram a igreja em ruínas. Um dos objetos que se perdeu durante o assalto foi a cruz que servira um dia de marca para a sepultura de Arthur. Os restos
mortais de Arthur e Guinevere foram levados para outros lugares até, finalmente, desapareceram.
Abadia de Glastonbury - suposto túmulo de Arthur.
Abadia de Glastonbury - descobertos dormitório, refeitório e cozinha dos mongesA precisão de Bond para determinar os lugares que deviam ser escavados era fenomenal.
Uma de suas principais tarefas era encontrar a desaparecida capela de Edgard, erigida pouco antes de a abadia ter sido destruída pelos vândalos de Henrique VIII. Bond insistiu para que procurassem a capela na extremidade leste da abadia, um sítio que os outros peritos consideravam pouco indicado para um santuário tão importante.
Ele até previu o comprimento de 180 metros.
Os escavadores encontraram a capela exatamente onde ele dissera que estaria - com o preciso comprimento de 180 metros.
antigos moradores de Glastonbury, há muito falecidos. Entre eles figuravam monges, cavaleiros, um fabricante de relógios, um mestre pedreiro e um vaqueiro.
Durante quase uma década, Bond atribuiu publicamente seus sucessos na abadia de Glastonbury a seu instinto e sorte. Então, em 1918, publicou um livro intitulado O Portal da Lembrança, no qual revelava o que afirmava ser a verdadeira história por trás de suas escavações. Declarou que seu sucesso fora possível graças à comunicação com espíritos de mais de vinte
Para estabelecer a comunicação com os mortos, Bond contara com a ajuda de um amigo espírita, John Alleyne Bartlett, que era médium e capaz de receber mensagens escritas dos espíritos através de uma prática conhecida como psicografia. Ele afirmava que sua mão deslizava pela página sem qualquer esforço mental, pois o lápis era conduzido por outra inteligência que não a sua. Bond fazia as perguntas e Bartlett escrevia respostas muitas vezes enigmáticas, reunindo páginas e páginas de comentários, esquemas e casos contados pela Companhia de Avalon, como supostamente se chamava aquele grupo de espíritos.
Bond afirmava ter sido Gulielmus Monachus, ou William, o Monge, um dos mais antigos cérigos da abadia, que o levara primeiramente ao sítio da capela de E
dgard. William teria revelado também o conteúdo de um túmulo misterioso no lado sul da nave da abadia, no qual foi descoberto um esqueleto com o crânio de outro homem depositado entre os joelhos. Segundo William, os restos mortais pertenciam a Radulphus Cancellarius, ou Radulphus, o Tesoureiro. “Antes de morrer, ele pedira àqueles que o amavam para enterrà-lo do lado de fora da igreja, pois queria alimentar os pássaros”, disse o espírito de William a Bond.
“O sol realmente brilhou ali, como ele gostava, pois seu sangue estava frio”. Embora os familiares de Radulphus não soubessem, acrescentou William, o esqueleto de um homem a quem Radulphus matara há muitos anos havia sido enterrado exatamente no mesmo local. Assim, os ossos de dois inimigos mortais terminaram repousando em um só túmulo.
Nem todas as histórias relatadas pelos espíritos da abadia eram assim tão macabras. Além de fornecerem detalhes acerca das construções de Glastonbury, às vezes revelavam segredos íntimos. Poderíamos até citar mais alguns, como o romance de um monge; mas seria por pura curiosidade, e o texto iria se prolongar demais.
Enfim, a publicação do livro de Bond causou bastante furor. As autoridades eclesiásticas (como sempre, não poderia deixar de ser) consideraram-se ultrajadas com a revelação de que o arquiteto teria usado práticas espíritas durante a escavação da abadia e imediatamente nomearam um novo supervisor para o projeto. Em 1921 Bond havia sido rebaixado, sendo incumbido de catalogar e limpar os artefatos de suas descobertas anteriores. Um ano depois, foi demitido e banido dos trabalhos na abadia, arruinando sua carreira. A igreja mandou suspender a escavação e algumas paredes das fundações desenterradas por Bond foram removidas ou cobertas de grama.
Bond viveu mais 23 anos, escrevendo diversos livros sobre a Companhia de Avalon e outros fenômenos paranormais. Morreu em 1945, pobre e desiludido.
Esses e muitos outros mistérios estão ali, enterrados na antiga abadia de Glastonbury; seria como Marion Zimmer Bradley (escritora de As Brumas de Avalon) cita em um dos trechos em que: Morgana fala...
E agora que este mundo está mudado, é preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por toda parte os seus santos e lendas.
Pois, como disse, o próprio mundo mudou.
Houve tempo em que um viajante se tivesse disposição e conhecesse apenas uns poucos segredos, poderia levar sua barca para fora, penetrar no mar do Verão e chegar não ao Glastonbury dos monges, mas à ilha sagrada de Avalon: isso porque, em tal época, os portões entre os mundos vagavam nas brumas, e estavam abertos, um após o outro, ao capricho e desejo dos viajantes. Esse é o grande segredo, conhecido de todos os homens cultos de nossa época: pelo pensamento criamos o mundo que nos cerca, novo a cada dia.
E agora os padres, acreditando que isso interfere no poder do seu Deus, que criou o mundo de uma vez por todas, para ser imutável, fecharam os portões (que nunca foram portões, exceto na mente dos homens), e os caminhos só levam à ilha dos padres, que eles protegeram com o som dos sinos de suas igrejas, afastando todos os pensamentos de um outro mundo que viva nas trevas. Na verdade, dizem eles, se aquele mundo algum dia existiu, era propriedade de Satã, e a porta do inferno, se não o próprio inferno. Não sei o que o Deus deles pode ter criado ou não. Apesar das historias contadas, nunca soube muito sobre seus padres e jamais usei o negro de uma de suas monjas-escravas. Pois sempre usei as roupas negras da Grande Mãe em seu disfarce de maga, não os desiludiu.
A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará
depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...Mas talvez eu seja injusta com eles. Até mesmo a Senhora do Lago, que odiava a batina do padre tanto quanto teria odiado a serpente venenosa, e com boas razões, censurou-me certa vez por falar mal do deus deles.
“Todos os deuses são um deus”, “e todas as deusas são uma deusa, e há apenas um iniciador. E cada homem a sua verdade, e Deus com ela”.
Awen
FONTE: Mistérios Antigos misteriosantigos.com
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