“Encontro de cientistas climáticos na Coreia do Sul termina em alerta de desastre ambiental"
Reunião de cientistas e pesquisadores do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) que aconteceu entre os dias 1 e 5 de outubro na Coreia do Sul trouxeram um prazo bastante apertado para que a humanidade reduza drasticamente a emissão de CO2.
De acordo com o relatório divulgado no evento, o planeta já está 1°C mais quente que os níveis pré-industriais. O Acordo de Paris, que rege a redução da emissão do CO2 a partir de 2020, estipulou como meta que a temperatura média global não passe dos 2°C.
Mas os cientistas presentes no evento alertam que a temperatura não deveria superar os 1,5°C. Eles mostram o motivo: um aumento de 2°C significa um risco muito grande para corais, para o ártico e para pequenos pescadores, e um risco moderado para o turismo e mangues. Já 1,5°C representa um risco um pouco mais moderado para esses sistemas.
1,5°C é melhor que 2°C
“Limitar o aquecimento a 1,5°C traz mais benefícios do que quando comparamos com 2°C. Isso realmente reduz os impactos da mudança climática de forma muito importante”, explica Jim Skea, um dos co-presidentes do IPCC à BBC.
O problema é que segundo os cálculos dos pesquisadores, devemos alcançar um aumento de 1,5°C daqui a 12 anos, em 2030. A única forma de evitar um aumento acima desta temperatura neste ano será cortando em 45% as emissões de CO2 mundiais. Mas para manter a temperatura estacionada, será necessário cortar 100% das emissões até 2050.
O que podemos fazer?
Isso significa uma revolução nas formas de transporte, indústria, alimentação e gerenciamento de terras no mundo todo. O relatório aponta que mudanças significativas devem acontecer em quatro áreas: energia, uso de energia, cidades e indústria.
Mas a população geral também deve ajudar das seguintes formas:
-Comprando menos leite, queijo, manteiga e carne;
-Comprando mais produtos locais;
-Jogando menos alimentos fora;
-Dirigindo carros elétricos;
-Caminhando ou andando e bicicleta em distâncias curtas;
-Viajando de ônibus ou trem ao invés de avião;
-Usando videoconferência ao invés de viajar para reuniões;
-Secando a roupa no varal ao invés de usar a secadora;
-Exigindo produtos com baixa emissão de CO2;
-Construindo casas com isolamento térmico.
Mudanças de hábitos de vida podem fazer uma enorme diferença, de acordo com Debra Roberts, outra co-presidente do IPCC. “Essa mensagem traz poder para o indivíduo. Isso não se trata de ciência distante; mas sim de onde vivemos e trabalhamos, e nos traz uma pista sobre como podemos contribuir para uma grande mudança”.
5 passos para o 1,5
Para contermos o aquecimento a 1,5°C, precisamos tomar esses 5 passos:
5. Até 2030, as emissões globais de CO2 precisam ser reduzidas a 45% em relação ao nível de 2010;
4. Fontes de energia renováveis devem fornecer até 85% da eletricidade global até 2050;
3. O uso de carvão mineral deve ser reduzido para perto de zero;
2. Até 7 milhões de km2 devem ser necessários para plantações voltadas à geração de energia (pouco menos que o tamanho da Austrália);
1. Até 2050, emissões globais de CO2 a 0% quando comparado ao nível de 2010.
Custos
Claro que isso tudo não vai ser nada barato. Para limitar o aquecimento a 1,5°C, o mundo inteiro vai ter que investir US$2,4 trilhões anualmente até 2035. Mas é muito melhor agir agora do que mais tarde; tentar remover o CO2 do ar depois custará mais caro.
A economia também funcionará muito melhor com um aumento de 1,5°C do que de 2°C, já que uma maior temperatura significa maiores desastres ambientais e crises de refugiados do clima.
E se ninguém fizer nada?
Se a temperatura média aumentar 2°C, teremos sérios problemas. Os corais estarão mortos, e os mares subirão em média 10 cm. Isso pode não parecer muito, mas um aumento de 1,5°C para 2°C significa que mais 10 milhões de pessoas estarão expostas a enchentes.
Também haverão impactos significantes nas temperaturas dos oceanos, acidez das águas e ficará mais difícil plantar arroz, milho e trigo.
Além disso, o aumento da temperatura está ligado a problemas que não viriam à mente rapidamente, como aumento do número de acidentes de carro, aumento do número de suicídio e de doenças mentais.
Fonte: https://hypescience.com/, IPCC, BBC, Gizmodo, CNN
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